Saúde versus Economia

Escrito por Assis Machado ,

Todos já ouviram que a vida é feita de escolhas. O desafio, claro, é tomar as decisões certas, ainda mais em situações de maior complexidade. Na minha experiência como empresário e gestor público, aprendi que, muitas vezes, sobretudo nas crises, somos obrigados a definir prioridades que exigem sacrifícios, com ações que geram cobranças e expectativas, especialmente quando tudo é urgente, e os recursos são escassos.

É precisamente o que vivemos agora com a pandemia do novo coronavírus e o consequente debate sobre medidas de isolamento social versus retomada da atividade econômica. O que se sabe, no mundo inteiro, é que as maiores autoridades em saúde orientam a quarentena como medida mais eficaz para conter o avanço rápido da doença. Por outro lado, seus efeitos sobre a economia são dolorosos, exigindo apoio dos governos para a manutenção, dentro do possível, de empregos e renda.

Empresários e gestores públicos carregam sobre os ombros o peso de enormes responsabilidades, multiplicado pelas incertezas da atual crise. O empreendedor sabe a importância das empresas que dirigem para o sustento dos seus colaboradores e suas famílias. Já o governante precisa buscar soluções que possam conciliar as legítimas preocupações de diversos setores, com a obrigação de agir pelo bem-comum.

Como estamos todos no mesmo barco, o primeiro passo foi a definição de uma ordem de urgências. A prioridade é salvar o máximo de vidas. Diante disso, a consciência de que os prejuízos impostos pelas circunstâncias são inevitáveis, ajuda a promover o sentimento de solidariedade e o senso de espírito público em quase todos, pela mútua compreensão de que não há saída isolada para ninguém. Somente juntos poderemos passar pelas grandes dificuldades que hoje se apresentam.

Acredito que iremos nos reerguer mais fortes e unidos. Sei do compromisso e da qualidade das nossas lideranças empresariais. Já vivenciei os dilemas do gestor público, que nessas horas é chamado a agir pela História. Vamos, como sempre, seguir em frente.

A acertada escolha de priorizar a saúde, orientada pela ciência, não significa abrir mão dos cuidados com a economia, mas ajuda a definir uma ordem de ações, como outros países estão fazendo, ao planejarem um roteiro de retomada gradual das atividades econômicas para mais adiante.

Com a epidemia controlada, certamente a prioridade absoluta do poder público será então o apoio, com novas medidas, às empresas e aos trabalhadores brasileiros que, juntos, são os verdadeiros agentes de desenvolvimento do País.

Assis Machado

Empresário

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024