Respeito e soberania
a tarifária e comercial com o mundo inteiro, colocou o Brasil como alvo preferencial. O governo brasileiro trata a questão com seriedade, mas, acima de tudo, exige respeit
Donald Trump não arredou pé, mesmo, de imiscuir-se nos assuntos internos do Brasil. Misturando alhos com bugalhos, metendo os pés pelas mãos, sem abrir a menor possibilidade de negociação com o governo brasileiro, aplicou a elevada sobretaxa de 50% sobre parte dos produtos que os ianques importam de nossa nação. A despeito de todos os esforços envidados pelo presidente Lula e seus ministros no campo diplomático, Trump “não quis conversa”, como se diz popularmente. Agiu como pessoa arrogante e prepotente que é, fechando todas as portas às tentativas de um acordo comercial minimamente honesto para com nosso país.
Tudo em função do seu intuito de punir a nação inteira e interferir nas ações do Judiciário brasileiro. Este vem investigando, conforme a Constituição e os princípios do devido processo legal vigentes, inclusive com amplo direito de defesa, os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Trump, mandatário da nação mais poderosa do mundo e amicíssimo de Jair Bolsonaro, o ex-presidente investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob o comando, neste caso específico, do ministro Alexandre de Moraes, arroga-se o direito de dizer como deve proceder o país em meio a toda essa questão, desrespeitando a soberania nacional. Além de aplicar ao Brasil a maior das sobretaxas que resolveu impor a outras nações, Trump deseja impor sua autoridade fora dos limites territoriais dos EUA.
Por mera questão de capricho e amizade pessoal, o presidente norte-americano, em meio ao seu propósito de empreender uma guerra tarifária e comercial com o mundo inteiro, colocou o Brasil como alvo preferencial. O governo brasileiro trata a questão com seriedade, mas, acima de tudo, exige respeito. Trump terá muito tempo para abalar o planeta com outras medidas absurdas, até o final do seu mandato. Ignora solenemente a independência do Judiciário brasileiro, sobre o qual jamais deveria nem opinar. Inconformado com a apuração dos fatos que colocam seu amigo Bolsonaro no centro das investigações levadas a cabo pelo ministro Moraes, Trump agiu para aplicar sanções econômicas contra o próprio ministro, colocando-o inclusive na condição de persona non grata , proibindo sua presença em território norte-americano. Assim funciona sua cabeça. Já dizia o grande escritor Machado de Assis (1839-1908) que “a soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e de ser nacional”.
Trump ignora e/ou despreza o princípio da autodeterminação dos povos, base do direito internacional, curiosamente cunhado pelo ex-presidente norte-americano Woodrow Wilson(1856-1924) e que garante a cada povo a liberdade de decidir, independentemente de influências estrangeiras, seus destinos. E este, em última análise, é o exercício pleno da soberania! Trump ofende e desrespeita a soberania brasileira com sua atitude. Apesar de sua intransigência, a torcida é para que canais de negociação sejam abertos e que o Brasil, com altivez e sem subserviência, consiga atenuar as perdas causadas por suas decisões descabidas.