Respeito à fila, por favor!

Conforme tem falado a imprensa, a primeira fase da campanha nacional de vacinação contra a Covid-19 deve atingir os trabalhadores da saúde; os idosos com 75 anos ou mais; os idosos com 60 anos ou mais que vivem em asilos ou outras instituições assistenciais; e os indígenas. Porém, diversos têm sido os casos denunciados pelos meios de comunicação quanto a pessoas que, por desonestidade ou adotando subterfúgios criativos, têm furado a fila em benefício próprio ou de parentes.

Em Manaus, por exemplo, em meio ao caos institucionalizado, as irmãs gêmeas Gabrielle e Isabelle Lins, médicas recém-formadas, foram nomeadas sem contrato para cargos comissionados, pelo gabinete da prefeitura local, a fim de trabalhar em unidades de Saúde que atendem pacientes com Covid-19, ficando aptas, portanto, a receberem a vacina. O prefeito David Almeida defendeu-as, argumentando que as nomeações se deram por conta do déficit de médicos, mas não informou que critérios foram usados para a escolha das profissionais.

Ainda que o caso seja legalmente admissível, trata-se, porém, de atitude imoral, onde jovens, valendo-se de estratagemas diversos, buscam maneiras de se beneficiar, em prejuízo de grupos prioritários que serão certamente prejudicados. Em diversos municípios, sob o pretexto de "incentivar as pessoas a se vacinarem", os noticiários de TV já mostraram imagens de prefeitos e seus parentes tomando a vacina, em detrimento de quem realmente deveria recebê-las agora.

Um outro agravante é a pequena quantidade, ainda, de doses disponíveis para os grupos prioritários. É necessário que essas pessoas tenham um mínimo de consciência e respeito para com um enorme contingente de brasileiros incluídos na primeira fase da campanha. Será possível que nem nesta hora deixam de apelar para o "jeitinho" brasileiro? Respeito à fila, por favor!

Gilson Barbosa

Jornalista