Que filhos estamos deixando para o mundo?

Escrito por Luciano Melo - Sócio e consultor da Parceria Consultores ,

Que filhos estamos deixando para o mundo? A pergunta pode parecer estranha mas é, na verdade, a que melhor se contrapõe a um questionamento de senso comum: "que mundo estamos deixando para nossos filhos?".

Esta última, se refletirmos bem, é uma forma de mascarar nossa postura megalomaníaca e temerosa perante a vida, pois sempre estamos tão preocupados com as incertezas do futuro. Ela nos coloca em uma posição de passividade, muitas vezes por nos sentirmos impotentes diante do tamanho do desafio que nos é imposto: Que mundo estamos deixando para nossos filhos? A perversão da pergunta é que ela distorce a ordem natural das coisas.

Esse questionamento nos dá licença, muitas vezes, de restarmos passivo ante a demanda necessária de mudar o mundo. De tão vasto, sentimo-nos incapazes e sem poder para transformar a realidade existente. Sendo assim, a questão nos permite assumir, mesmo sem perceber, a postura "bem intencionada" de intelectual crítico, passando apenas a culpar a tudo e a todos pelas desventuras do mundo, e abrindo mão do poder transformador da ação.

Mas quando nos perguntamos "Que filhos estamos deixando para o mundo?" trazemos para perto, para nós, a responsabilidade tácita e real de que o poder de mudança está sim nas nossas mãos. Nos tornamos sujeitos capazes de transformar a realidade a partir das pequenas ações do dia a dia.

É através da vivência do amor e do exemplo diário, que podemos transformar o nosso mundo e não o contrário. O processo de educação dos filhos ocorre através do exercício do cuidado, virtude que cria condições para relações dialógicas e livres para amar, conhecer e compreender a si e ao outro, reconhecendo o ritmo e a individualidade de cada um. Como diz o psicanalista, filósofo e sociólogo alemão Erich Fromm: O cuidado é preliminar ao amor!

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024