Por que comemorar o dia da Língua Portuguesa?

Escrito por Raquel Figueiredo Barretto , raquel.barretto@professores.unifanor.edu.br
Raquel Figueiredo Barretto é docente do Curso de Direito do UniFanor Wyden
Legenda: Raquel Figueiredo Barretto é docente do Curso de Direito do UniFanor Wyden

“Última flor do Lácio, inculta e bela. És, a um tempo, esplendor e sepultura (...) Amo-te assim, desconhecida e obscura (...)” (Olavo Bilac)

No último dia (10/06), comemoramos o dia da língua portuguesa. A data teria surgido como uma homenagem ao aniversário de morte do poeta lusitano Luís Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas, e considerado, por muitos, um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos.

Para que dedicar um dia do ano para homenagear a nossa língua materna? Porque, e simplesmente, a língua portuguesa é nosso maior patrimônio.

Aliás, qual é a mesmo a nossa língua materna: a língua portuguesa ou a língua brasileira? Deixemos essa discussão para os linguistas. Eles, certamente, saberão fazê-lo melhor que nós, “meros mortais”, “pobres falantes”. 

Se é verdade que “um país se faz com homens de livros” (Monteiro Lobato), verdade ainda maior que “a língua é um instrumento de dominação” (Roland Barthes). Mas também, e principalmente, a língua é uma possibilidade libertadora. 

Todos nós a usamos todos os dias, o tempo todo, em todas as situações comunicativas. Usamos tanto que nem nos damos conta disso. É um ato inconsciente.

Para José Saramago, “não há uma língua portuguesa, há línguas em português”. E essa(s) língua(a) se manifesta(m)/concretiza(m) todos os dias através de todos os falantes, dos mais eruditos e letrados até aqueles a quem o acesso à língua culta fora negado.

A consequência desse inacesso à língua culta por parte dos mais desfavorecidos? Eles viram instrumento de manobra e dominação.

Espero que consigamos transformar, em breve, essa desigualdade. Sigamos, até lá, cuidando/homenageando/cultivando não apenas a língua de Camões, José Saramago, Fernando Pessoa, Mia Couto, João Cabral de Melo Neto, Machado de Assis, Cecília Meireles ou Clarice Lispector. Mas, e principalmente, lembremos/respeitemos a língua dos muitos Antônios, Franciscos e Marias que estão por aí.

 Raquel Figueiredo Barretto é docente do Curso de Direito do UniFanor Wyden

 

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024