Perdurável desperdício

Escrito por Davi Marreiro ,
Davi Marreiro é professor e consultor pedagógico
Legenda: Davi Marreiro é professor e consultor pedagógico

Recentemente um estudo divulgado pelo Banco Mundial (BM) identificou que no Brasil desperdiçamos cerca de 40% do capital humano potencial de nossas crianças. Em resumo, conforme a reiteração da Organização das Nações Unidas (ONU), “por causa da crise sanitária, econômica e educacional dos últimos dois anos, o Brasil perdeu o equivalente a uma década de progresso”.

Posto isso, uma criança brasileira nascida em 2021 perderá, em média, 46% do seu potencial total de desenvolvimento. Sabemos que esse documento do BM, intitulado Relatório de Capital Humano Brasileiro - Investindo nas Pessoas, calcula através do Índice de Capital Humano (ICH) a perda ou acúmulo de habilidades de indivíduos até os 18 anos.

Segundo a ONU, esse indicador considera principalmente “as condições de educação e saúde desfrutadas pelas crianças brasileiras durante períodos críticos de formação de habilidades.” Contudo, é evidente que esse problema sempre existiu, e a pandemia apenas exasperou as inúmeras inturgescências preexistentes.

Apesar de observamos nesse índice uma trajetória de crescimento entre 2007 e 2019, tais intumescências atrapalham tanto nossa reabilitação que “o Brasil levaria aproximadamente 60 anos para atingir os patamares de capital humano alcançados pelos países desenvolvidos.” Poderíamos neste artigo listar quais seriam as principais inturgescências nacionais, mas destaco apenas o comentário da articulista Nayara Souza, do portal Notícia Preta: “todo o potencial brasileiro de produção de riqueza pela população é jogado fora devido a falta do investimento em educação para crianças e formações para o pleno emprego.”

Neste país infelizmente se a educação por algum instante se personificasse diria: “sempre recebi menos do que esperava: talvez esperasse mais do que me era devido.” Este “capricho”, como chamou Sêneca, atualmente é um dos mais temíveis. Afinal, encontrar um remédio para tal descaso parece um abuso.  Falar de investimentos para a educação, para alguns, é quase um crime. Por fim, o relatório ainda revela que Brasil poderia ser 2,5 vezes mais rico e seu PIB poderia ser 158% maior, se investisse mais em educação. 

Davi Marreiro é professor e consultor pedagógico

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024