Pandemia e religião

Escrito por Jonael Pontes , jonaell@hotmail.com

Hoje, é difícil escrever sem ser atravessado por uma grande questão: a pandemia do coronavírus. São muitas dores produzidas pelos acontecimentos que têm afetado nossas existências. No Brasil, mergulhamos num pandemônio: não existe uma perspectiva concreta, mesmo tendo uma vacina para uma doença que diariamente tem ceifado milhares de vidas.

O cenário nos cerca com a falta de esperança dificultando manter alguma estabilidade emocional em tempos tão incertos. Diante desse panorama, remeto a religião, uma esfera da vida social extremamente relevante, capaz de produzir algum conforto nessa situação caótica que submergimos.

Há quem defenda uma redução do domínio das religiões no mundo (secularização), produzindo consequentemente a diminuição das crenças e transformando as instituições e os indivíduos. Isso é um fato, mas em contraponto existe um outro processo: o retorno ao sagrado.

Esse fenômeno aparece, portanto, através de uma manifestação do maravilhoso que foi marginalizado, não somente pela ciência, mas também, por religiões hegemônicas (Cristianismo). Neste movimento cito, por exemplo, o aumento das religiões esotéricas, dentre elas, destaco o Vale do Amanhecer (VDA).

Considerada a religião mais sincrética do mundo, o VDA está dentro do campo da New Age e através de um pujante sincretismo produz uma doutrina das mais diversas encontradas no mundo das religiões brasileiras. Fundada na década de 1960 no Distrito Federal, difundida no Brasil e no mundo, inclusive no estado do Ceará.

Assim, há como incluir, por exemplo, o distanciamento social dentro da perspectiva do sagrado. Acreditar na ciência não impede que se tenha uma crença em qualquer divindade. O que chamo aqui de retorno ao sagrado é, grosso modo o aumento na procura pelas religiões e práticas que aludem ao sagrado. Isso pode produzir conforto e esperança nesse momento; sempre sem dispensar, por exemplo, o uso de máscaras.

A Constituição Federal brasileira assegura a liberdade de credo, assim como determina a laicidade no nosso país. Uma ressalva: é importante que haja separação entre Religião e Estado para que se considere a fé como algo de foro íntimo, uma crença individual não deve impor seus dogmas a toda uma coletividade.

Jonael Pontes
Sociólogo

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