O que não vi
Não vi, até agora, nenhum estudo, matéria jornalística, pesquisa ou tese acerca das mais de 600 mil mortes no Brasil, por conta da Covid-19.
Tampouco, união, estados e municípios disseram quase nada sobre idade, sexo, raça, estado civil, renda familiar, moradia, região geográfica, escolaridade e o importante indicador de doenças preexistentes dos finados.
Politizou-se o que deveria ter sido esmiuçado por órgãos da área de saúde federal, de estados e de municípios.
A Anvisa deve estar muito atarefada para pensar em estatística. O Congresso Nacional parece silente, salvo mínimas exceções, e a CPI da Covid poderia ter inovado nessa análise, mas limitou-se a politizar e apontar “culpados”.
Na verdade, todos somos culpados por nossas inércias pessoais e coletivas.
Vê-se e ouve-se o relato noturno na TV com apresentador vestido de preto, como se agente funerário fosse. Diz quantitativos dos óbitos, o número de afetados por estados e o de vacinados com as primeiras e segundas doses das vacinas. Depois, o noticiário ataca.
Laboratórios, vendedores de equipamentos hospitalares, empresas de transportes das vacinas, lobistas, engendradores de hospitais de campanha e outros, muitos outros, ficaram mais endinheirados (o futuro dirá).
Quase tudo com dispensa de licitações.
O Ministério da Saúde e algumas secretarias de saúde, estavam despreparados para o imprevisto; mudaram de mãos, por vezes. Recuperaram-se, um pouco, com a difícil e hábil logística da distribuição, do norte florestado ao sul pampeiro.
O presidente Bolsonaro deu péssimo exemplo ao não se vacinar e ao se apresentar, provocativo, sem máscara.
Por fim, não se sabe como será o término disso tudo.
Escrevo curto, para ser lido.
João Soares Neto é empresário e escritor, integra a Associação Nacional de Escritores
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.