O legado da crise

Escrito por Manoel Lucena ,

Em 2013 assisti a uma palestra do ex-presidente norte-americano, Bill Clinton, na qual ele asseverou que o modelo de competição adotado pelo mundo havia se exaurido e que os principais líderes globais já sabiam que somente um novo paradigma de relação, baseado na cooperação e na solidariedade, poderia produzir uma sociedade mais justa e igualitária.

Parece-me que de fato a grande maioria da população planetária concorda com isso! Então por que não saímos da teoria à prática? Talvez, de modo simplista, por sermos gananciosos, vaidosos e egoístas o suficiente para ignorarmos a realidade assustadora da brutal concentração de riqueza aqui e alhures, produzindo, como corolário, uma inominável multidão de famintos e deserdados ao redor do planeta, cuja face palpável, aqui no Brasil, nesse momento de crise sanitária, são as filas desumanas de mãos estendidas nas portas da Caixa em busca da migalha de 600 reais.

Mas nem tudo está perdido! A teia de solidariedade que vem se formando, no mundo e aqui, desde o indivíduo, passando por empresas e estado, onde a concorrência e a competição abrem ala para a cooperação e a união, sem qualquer prejuízo e com ganhos de sobra para todos, faz surgir um filete de luz na tenebrosa escuridão que ainda nos cega.

É razoável imaginar que a pandemia provocada pelo novo coronavírus possa legar uma nova e melhor perspectiva para a humanidade, nada obstante movimentos contrários ocorridos nos últimos anos, capitaneados pelos Estados Unidos com o "American First" e pela Inglaterra com o "Brexit".

Não à toa, a obra magistral do humanista italiano, Pietro Ubaldi, "A Nova Civilização do Terceiro Milênio", na qual antecipa o primado do espírito que deverá vigorar, com os valores morais do homem evoluído sobrepujando as iniquidades do egoísmo e da posse. Aguardemos e façamos a nossa parte!

Manoel Lucena

Escritor

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024