O dilema da volta às aulas

Escrito por Davi Marreiro ,

No contexto acadêmico existem inúmeras teorias a respeito da habitual compatibilidade entre a estruturação da identidade de uma nação e as obstinadas opiniões divergentes de seus representantes políticos. Contudo, parafraseando Rui Barbosa, na América Meridional, "as bases lógicas dessa afirmação foram invertidas". Afinal, o que vemos é uma maléfica desconstrução social dos interesses coletivos solidários.

Atualmente, é inegável que a educação brasileira, em todos os seus níveis e modalidades, também foi envolvida em mais um agigantado dilema: já é seguro o retorno das atividades escolares presenciais? Em relação a esse questionamento, nossas representações sociais e políticas divergem em muitas de suas opiniões e soluções. Com isso, adotam por vezes, posições contestáveis.

Enquanto isso, "coube-nos por fadário viver" em mais uma era temerosa, cujo protagonismo novamente recai sobre autoridades governamentais, exponencialmente beligerantes. Uma guerra injusta, diria Francisco de Vitória, pois não assegura imunidade dos não combatentes. No Ceará, por exemplo, recentemente foi constatado o aumento de 121,7% no número de casos confirmados de Covid-19. Eis o impasse da volta às aulas presenciais!

Apesar de ressignificarmos o famigerado conceito de presencialidade, ainda é necessário provarmos que não estamos apenas constatando o que ocorre, mas interagindo como "sujeito de ocorrências". Para isso, mais do que adaptação, carecemos, coletivamente, de mudanças em nossas compressões sobre a integralidade das práticas de ensino e a aprendizagem.

Entendamos, definitivamente, que essas atividades são concomitantes e executáveis em diferentes modalidades, mesmo a despeito de todas agruras impostas. Sobre as próximas decisões: cruéis ou piedosas: "onde uma cava as suas tumbas, a outra ergue os seus berços".

Davi Marreiro

Professor da educação básica

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