O debate do cancelamento

Escrito por Jonael Pontes , jonaell@hotmail.com

Nos últimos anos, um fenômeno tem permeado as relações: a cultura do cancelamento, sobretudo no ambiente das redes sociais. Apesar de não ser nova, a prática tomou fôlego na atualidade por termos mais acesso à difusão de opiniões individuais, de grupos ou empresas; e pela mudança na velocidade que essas ideias circulam. Neste aspecto, as redes sociais expõem rapidamente falas, atitudes e gestos que provocam o debate público, por serem questionáveis, reprováveis ou controversas.

É uma maneira atual de colocar alguém no ostracismo, removendo-o de qualquer posição de destaque. Anônimos e celebridades são passíveis de cancelamento, no caso de famosos, a perda ocorre fundamentalmente na sua base de seguidores. Por outro lado, Grupos reacionários evocam o direito a liberdade de expressão e alegam censura quando têm apontadas suas contradições.

Para ilustrar essa dinâmica, trago o exemplo de Xuxa Meneguel que, ao participar de transmissão ao vivo da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no último dia 26, defendeu teste de medicamentos em prisioneiros: ‘Poderiam ajudar nesses casos’. Quase que imediatamente pessoas se dividiram nas redes entre apoios e reprovações a fala da apresentadora.

Vale ressaltar que, a maioria dos presos são pessoas negras e pobres. E, quando uma pessoa está encarcerada, sua liberdade é tolhida, seus direitos enquanto pessoa humana não! Após a repercussão ela se retratou pedindo desculpas, embora não tenha convencido os críticos.

Esta é uma maneira de amplificar a voz de grupos oprimidos e forçar ações políticas de marcas ou figuras públicas. Defender ideias eugenistas não deve ser aceitável numa sociedade moderna, advindo de anônimo ou de um assessor da presidência ao reproduzir gesto supremacista.

O debate deve prevalecer e as contradições precisam ser apontadas, lembrando que injustiças no movimento por justiça social acontecem, por isso, não podemos acreditar numa visão maniqueísta e idealista do mundo, mas, reprovar e pontuar falas e gestos em seus devidos contextos.

Jonael Pontes
Cientista Social

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