O cérebro da criança e a escola: relação necessária

Escrito por Eduardo Jucá , eduardojuca@gmail.com

Eduardo Jucá, neurocirurgião pediatra
Legenda: Eduardo Jucá, neurocirurgião pediatra
Foto: Arquivo pessoal

Dentre as muitas situações inusitadas a que a pandemia de coronavírus nos levou, uma das mais chocantes é a necessidade de reafirmar o papel fundamental da escola para o desenvolvimento neurológico, o que engloba seus aspectos intelectual, motor e emocional. Décadas de estudo nesse sentido estão sendo desconsideradas no Brasil, onde se faz uma experiência única no mundo de negar assistência escolar às crianças por mais de um ano. 

O papel da escola vai muito além de despejar conteúdos de um modo que pudesse ser substituído por atividades virtuais. A socialização e os métodos pedagógicos possibilitam adaptações cerebrais com aprimoramento das conexões neurais, o que favorece a preparação do cérebro para aprender cada vez mais. É o “aprender a aprender”.    

O prejuízo de um longo período longe da escola ultrapassa o aspecto cognitivo. O desenvolvimento da motricidade é estimulado pela imitação de atitudes de colegas e professores, com base no mecanismo neural dos “neurônios-espelho”, em que áreas do cérebro promovem a repetição de movimentos aprendidos de modo inconsciente. Em todas as fases do desenvolvimento, a privação deste aprendizado pode comprometer o progresso motor e esportivo. 

Em face de desvantagens educacionais históricas nas avaliações internacionais, a quarentena escolar prolongada, sem justificativa científica, adquire contornos trágicos. Dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) apontam para um retrocesso a patamares de uma década atrás. 

É preciso superar a falsa dicotomia entre controlar a pandemia ou defender a escola aberta. É preciso fazer os dois, como já demonstraram inúmeros trabalhos científicos que atestam a segurança do ambiente escolar.  

Em boa parte do nosso território, a manutenção das aulas atende aos dois objetivos simultaneamente, tendo em conta os ambientes vulneráveis em que muitas crianças habitam. Na cartilha da pandemia, uma expressão já virou clichê: escola, última a fechar, primeira a reabrir. 

Eduardo Jucá  
Neurocirurgião Pediatra 

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