O câncer e a pandemia

Escrito por Murilo Luz ,

Nem a mais pessimista previsão imaginaria o que estamos vivendo em meio a uma das maiores pandemias que a humanidade já presenciou. A Covid-19 modificou ações de governos, instituições, corporações e até mesmo hábitos simples do dia a dia.

Em oncologia, a dúvida que paira é: como minimizar o risco de exposição dos pacientes sem comprometer o diagnóstico e o tratamento frente a um tumor maligno?

A decisão não é simples, pois cada caso é um caso. O câncer de próstata, que segundo o Instituto Nacional de Câncer, após o de pele não melanoma, será o mais incidente no País entre 2020 e 2022, com estimativa de 65.840 novos casos e maior incidência no Nordeste (72,35/100 mil), é um bom exemplo de como uma mesma neoplasia (o tumor) se apresenta de diferentes formas e pode ser priorizada de maneira distinta conforme a situação.

Uma compressão na medula causada pela forma avançada da doença precisa de intervenção imediata. Já um paciente com a qualidade de vida preservada e doença estável devido ao tratamento com terapia de privação androgênica, que reduz o nível dos hormônios masculinos que estimulam as células do câncer de próstata a crescerem, pode ter seu retorno postergado ou ser atendido remotamente.

Dados da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) já mostram que ao menos 50 mil novos casos de câncer deixaram de ser diagnosticados no Brasil neste ano. Além disto, quedas nos números de casos novos em grandes centros oncológicos do País deixam claro que uma onda futura de pacientes em estágios mais avançados é praticamente certa.

Por isso é importante o alerta. A pandemia é uma realidade impactante, mas irá recuar em algum momento. Já as neoplasias malignas continuarão prevalentes. Precisamos de atenção para não corrermos o risco de prejudicar os milhares de pacientes acometidos pelo câncer todos os anos.

Murilo Luz
Urologista

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