Menos Burocracia, Mais Educação: O Verdadeiro Caminho para um Trânsito Melhor

No debate sobre segurança viária no Brasil, muito se fala sobre novas exigências e mudanças no processo de habilitação, mas pouco se discute sobre o que realmente salva vidas no trânsito: o equilíbrio entre Educação, Engenharia e Fiscalização. Esse é o tripé que sustenta um trânsito mais seguro e eficiente. No entanto, é preciso reconhecer que, entre esses pilares, a Educação continua sendo a base fundamental.
O Brasil é um dos poucos países do mundo que exige, de forma obrigatória, um curso teórico com aulas sobre legislação de trânsito, direção defensiva, meio ambiente e convívio social, além do treinamento prático em veículos adaptados e supervisionados por instrutores qualificados. Em vez de enfraquecer esse processo com medidas que aumentam a burocracia, como novas provas ou exames desnecessários.
Criar novas exigências pode parecer, à primeira vista, uma forma de aumentar o rigor, mas na prática acaba afastando pessoas do processo de habilitação, ampliando a informalidade e o risco nas ruas. Em diversas cidades do interior, não há presença efetiva dos órgãos de trânsito, o que compromete o cumprimento das leis e a segurança dos usuários das vias. A fiscalização não deve ser vista apenas como um instrumento punitivo, mas como uma presença educativa e orientadora.
Do mesmo modo, a Engenharia de Trânsito é um componente vital para a segurança. Vias esburacadas, sem sinalização adequada, mal iluminadas ou sem faixas de pedestres são armadilhas cotidianas para motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. A responsabilidade do poder público municipal é garantir que as vias estejam bem projetadas, conservadas e sinalizadas, com foco na prevenção de acidentes.
O Brasil precisa de políticas públicas sérias que valorizem o que já funciona e corrijam o que ainda falha. Valorizar a educação de trânsito que é ofertada nas autoescolas, exigir mais investimento em infraestrutura urbana e garantir a presença ativa da fiscalização é o caminho mais eficaz para um trânsito mais seguro. Quando esses três pilares atuam em conjunto, os resultados aparecem: menos acidentes, menos mortes, mais cidadania.
Alisson Maia é vice-presidente do Sindicato das Autoescolas