Medicina reprodutiva para todos

Escrito por Daniel Diógenes ,

Muitos casais têm o sonho de constituir família com filhos. Mas muitos esbarram na dificuldade para engravidar. De acordo com IBGE e OMS, respectivamente, são cerca de 15% a 30% no mundo de casais nessa situação. Esse dado reflete na procura por clínicas de medicina reprodutiva. A Anvisa, mostra que entre 2011 e 2017, essa busca cresceu em quase 170% no Brasil.

Apesar de sabermos que um sonho não deve ser mensurado financeiramente, um tratamento para fertilização não é tão acessível a todos os brasileiros. Equipamentos de alta tecnologia, especialistas em constante atualização das principais técnicas realizadas no mundo e o alto custo dos medicamentos do processo são fatores que ajudam a elevar os procedimentos.

Mas se temos cada vez mais casais que relatam dificuldade para engravidar, acredito que este sonho não deveria ser de difícil acesso. Ao que cabe aos especialistas em medicina reprodutiva, e eu me incluo nesse rol de profissionais, fazemos o possível dentro do que nos é permitido para que o sonho se torne realidade.

No entanto cabe aqui abrirmos a discussão para a participação do poder público e do setor privado, representado pelos planos de saúde, para que também abracem a causa. Recentemente tivemos um caso julgado pelo Superior Tribunal de Justiça com ganho de causa à paciente, onde o plano de saúde deve custear o procedimento de congelamento dos óvulos. Apesar de ser um caso específico, a uma paciente que passará por um tratamento oncológico que afetará sua fertilização, esta decisão abre precedentes importantes em nosso país.

Ao poder público, fica também aberto o convite a olhar com novos olhos, com olhos ternos, para essas famílias que desejam tanto realizar um sonho. Quem sabe um dia conseguiremos ter políticas públicas de saúde que nos permitam concretizar o tão esperado desejo destes casais.

Daniel Diógenes

Médico especialista em medicina reprodutiva

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024