Keynes alencarino

Escrito por Paulo Limaverde ,

A pandemia nos coloca diante de dois inimigos: o vírus e a recessão. É uma situação excepcional, na qual todas as expectativas positivas que vinham se acumulando dá lugar a um ciclo vicioso de proporções assustadoras.

Impossível neste cenário não relembrar Keynes, para quem, em momentos de crise, o Estado deve praticar políticas anticíclicas intervindo nos ciclos econômicos de redução de salários e demissões como resposta a crises. A medida anticíclica clássica é o endividamento estatal para financiar projetos de infraestrutura que exijam grandes contingentes de trabalhadores.

Na esfera de gestão local o receituário é válido, mas com alguma variação, como destravar a burocracia que envolve as licenças para empreendimentos imobiliários impactando diretamente o desempenho da construção civil, nossa maior fonte de utilização de mão de obra.

Obras públicas, mas, sobretudo privadas, devem receber o estímulo da remoção das barreiras que normalmente atravancam o seu regular desenvolvimento e impedem o incremento da atividade econômica e a geração de empregos.

Trata-se de um verdadeiro pacto social que deve ser firmado pelos três poderes e pela sociedade civil objetivando a adoção de instrumentos que consigam efetivamente contribuir para a superação do desafio que nos foi colocado.

O momento exige cuidados óbvios, mas também a visão estratégica para o cenário de retomada e reconstrução que provavelmente será ainda mais turbulento, não nos restando outra alternativa que não desfazer de vez os gargalos burocráticos que persistem em travar nosso desenvolvimento.

Da pandemia não dá para fugir, é dor inevitável. Da tragédia econômica, no entanto, ainda é possível escapar mediante ações que já estavam ao alcance de todos, mas a letargia das vontades políticas não permitia adotar.

Paulo Limaverde

Jornalista

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024