Ir ou não às ruas, eis a questão

Escrito por Jonael Pontes , jonaell@hotmail.com

Legenda: Jonael Pontes é sociólogo e pesquisador da UFC
Foto: Arquivo pessoal

A pandemia de coronavírus, no Brasil, segue rumos avassaladores, constatação cristalizada em números, são 457 mil mortes. A inaptidão do governo federal é perceptível, assim não fosse, não teríamos a comprovação de que, não temos vacina porque decidiram que isso não era importante. Isto é, foi uma escolha política perpetuar esse caos que tem ceifado vidas por uma doença que já existe imunização disponível.

Doses não foram asseguradas, por pura incompetência, ignorância e políticas de Estado oriundas do negacionismo. Estamos, inclusive, vivenciando uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que se propõe entender a gestão do governo Bolsonaro em relação a Covid-19. Esses são alguns elementos que compõe a teia de complexidades no contexto atual.

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Diante disso, a indignação coletiva passa a ser observada no cotidiano: não dá para esperar o fim da pandemia para se manifestar. A esquerda tem se articulado para ir às ruas, diferente da direta, de máscaras. Ao menos 85 cidades do país convocaram protestos para o dia 29/05. Com pautas difusas, convergindo no objetivo comum, todos são críticos ao governo atual.

A adesão aos protestos não é hegemônica na esquerda, há aqueles que não concordam com as manifestações. Temos um vírus mortal circulando e menos de 20% da população imunizada, o que é suficiente para entender a não aderência aos protestos.

Outro ponto é que, a direita tem ido as ruas sem máscara e promovido aglomerações, desde o início da pandemia sendo ferrenhamente questionada quanto a legitimidade de tais atos. 

Aqueles que tem convicção que este é um momento propício para se mobilizar nas ruas não podem esquecer do risco que é se expor a aglomerações, o cenário não é propício. Neste momento histórico específico essas escolhas precisam ser ponderadas, sobretudo, com a iminência de uma terceira onda com a chegada da cepa indiana.

Frases como: “Bolsonaro é mais perigoso que o vírus”, dão o tom da insatisfação. Desde 2020, milhares de pessoas têm lutado de forma virtual contra o negacionismo do presidente da República, seria este o momento apropriado de ir às ruas? Pode ser necessário e urgente, mas sem vacina os riscos precisam ser minimizados.

Jonael Pontes
Socíólogo

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