Inflação e redução de impostos

Escrito por Augusto Fernandes ,
Augusto Fernandes é CEO da JM Negócios Internacionais
Legenda: Augusto Fernandes é CEO da JM Negócios Internacionais

O governo federal anunciou, recentemente, a redução do imposto de importação sobre 11 produtos. A medida é uma tentativa de amenizar a pressão inflacionária sobre alimentos e as novas alíquotas valem até o dia 31 de dezembro. A ideia é que a redução do imposto torne a compra desses produtos vindos do exterior mais barata, resultando em queda no preço dos produtos na prateleira do supermercado. 

Entre os produtos que estão com imposto reduzido temos o trigo, carnes desossadas de bovinos congeladas, pedaços de frango, milho em grãos, entre outros itens que têm maiores impactos sobre a cesta de consumo de camadas mais pobres da população. Além dos alimentos, houve mudança nas alíquotas do imposto de importação de insumos usados na produção agrícola e na construção civil. Um deles é o ácido sulfúrico, utilizado na produção de fertilizantes e farmacêuticos, que teve a alíquota zerada. 

A inflação vem afetando diretamente o bolso de quem sobrevive com apenas um salário mínimo ou menos. Em abril, a inflação oficial do país foi a maior para o período em 26 anos: alta de 1,06%. Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo acumulado está em 12,13%. A expectativa é que a medida tenha impacto de até R$ 700 milhões na arrecadação federal com tributos. No entanto, o valor do montante vai depender do volume de importações, dos países de origem dos produtos e da taxa de câmbio.

Vários acontecimentos potencializaram as altas, como os elevados preços do diesel que encarecem o custo do frete; a guerra na Ucrânia que aumenta os custos de fertilizantes e do trigo; o câmbio mais alto que aumenta a exportação. Tudo isso somado à demanda externa elevada de carne por parte da China, acabam reduzindo a oferta interna e subindo os preços.

O aumento do custo de vida é hoje um fenômeno mundial, que sente os efeitos da disparada do petróleo e dos alimentos por causa da guerra na Ucrânia, que somada aos impactos da pandemia, afetaram a economia no planeta. Ao lado da inflação, os juros crescentes, a previsão de crescimento do PIB abaixo de 1% e a queda na renda média da população sinalizam um cenário de dificuldades neste ano.

Augusto Fernandes é CEO da JM Negócios Internacionais