Fraude nas urnas eletrônicas?

Escrito por Maria Clara Ribeiro Martins , mariaclarasociologia@gmail.com

Legenda: Maria Clara Ribeiro Martins é Cientista Social
Foto: Arquivo pessoal

O ano era 1993 quando Jair Bolsonaro gozava de seu primeiro mandato como deputado federal, tendo sido eleito pelo estado do Rio de Janeiro com 464 mil votos.

Em entrevista, o então parlamentar disse não confiar no sistema de voto vigente e defendeu que deveríamos informatizá-lo. 28 anos depois, hoje, o ataque é direcionado à urna eletrônica. Isso mesmo, depois de 9 vitórias eleitorais, o atual presidente continua a desacreditar na lisura das eleições.

Ora, quando tínhamos o voto não informatizado existia desconfiança. Hoje, com a urna eletrônica – passível de auditoria – essa falta de confiança permanece.

Esses ataques reiterados do presidente, conhecidos desde sua estreia como político profissional, não são direcionados unicamente à urna eletrônica, mas sim a todo sistema eleitoral que garante termos eleições democráticas em nosso país.

Qual o interesse de um político que questiona o sistema eleitoral que o proporciona ter mais de 30 anos de carreira política? Qual o interesse de um político que, mesmo eleito sucessivamente, difunde, rotineiramente, discursos duvidando da lisura das eleições? Ao meu ver, as respostas são complexas e nada otimistas.

Tanto o presidente como seus aliados estão apostando na instabilidade do processo eleitoral ao alimentar, com teorias conspiratórias, a falta de confiança da população. Essa narrativa poderá servir de suporte para a não aceitação de uma eventual derrota; e isso será o suficiente para legitimar, dentre os seus, uma possível intervenção (militar ou não).

Basta olharmos para o que ocorreu nos EUA recentemente, quando Donald Trump não aceitou a vitória de Joe Biden, e os apoiadores do líder republicano invadiram o Capitólio.

Lá, as instituições funcionaram e não deram margem a narrativa criada e alimentada diuturnamente pelos trumpistas. Nos resta pensar se no Brasil, com todo o histórico de interrupção da ordem democrática, nossas instituições conseguirão atuar – frente ao crescente delírio bolsonarista – com a firmeza necessária em uma eventual derrota de Jair Bolsonaro em 2022.

Não é questão de SE, mas de COMO lidaremos com essa teoria conspiratória até a próxima eleição presidencial.

Maria Clara Ribeiro Martins
Cientista Social

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