Fortaleza: espaços públicos já

Escrito por Paulo Avelino ,

Um dos grandes prefeitos que esse País talvez pudesse ter tido seria o economista Márcio Pochmann, antigo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e duas vezes candidato a edil de Campinas-SP. Em entrevista de 2010 na revista Caros Amigos ele disse o óbvio: não há políticas de sociabilidade em nossas cidades.

Um país com uma sociabilidade mínima exigiria, segundo ele, centros de entretenimento, de lazer e de cultura de grande envergadura. Disse que hoje o nosso centro de integração é o shopping center e isso não é integração nenhuma, é mercantilização do tempo livre. 

Na Aerolândia, na Rua Capitão Aragão, perto do trevo com a Avenida Raul Barbosa, algumas construções irregulares foram demolidas semanas atrás. No lugar se construíram duas quadras esportivas. Na medida em que uma intervenção urbana possa ser considerada mágica, essa o foi.

De um momento para outro aquele espaço foi tomado não só pelos jogadores dos esportes mas por uma plateia, famílias, moças jovens e carrinhos de bebê. Com um dispêndio pequeno de recursos sociabilizou-se um trecho da cidade. Os espaços públicos sempre têm prioridade – no discurso. 

Na prática as obras viárias, para benefício fundamentalmente dos automóveis, têm o melhor dos recursos. Tanto que raramente se veem edilidades a fazer parcerias com a iniciativa privada para construção de viadutos. São feitos com o dinheiro de todos nós.

Mas existem tais parcerias para a construção e manutenção de praças. Que, aproveitando o ensejo de uma nova gestão, a cidade de Fortaleza desperte para o óbvio – sociabilidade, lazer e cultura são questão de Estado, e constituem o centro de uma política de coesão social. Como afirmou o economista citado e como a frequência da população da Aerolândia o confirma. E que, ao contrário do que geralmente se pratica, as praças são urgentes – os carros é que podem esperar.

Paulo Avelino 
Administrador

 

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