Escutar ou esperar a vez de falar?

Escrito por Luís Fernando Lopes ,

Uma das qualidades fundamentais para quem realmente busca o desenvolvimento pessoal e profissional é saber escutar. Nossa realidade de correria contínua, frenesi, agenda de compromissos, redes sociais, notícias, excesso de informações, preocupação com a autoimagem, entre outros, talvez prejudique nossa compreensão do quão importante é saber escutar para o nosso crescimento pessoal e profissional.

O contexto de ansiedade generalizada agravado pela realidade de pandemia amplia ainda mais as possibilidades de deixar-se levar pela inércia do "é preciso". É preciso falar (que não está restrito à oralidade), é preciso fazer, é preciso ser ouvido, é preciso ser lido, aplaudido, respeitado, amado, entre outras necessidades que são explicadas em abordagens teóricas bastante conhecidas no meio acadêmico e fora dele.

Nas redes sociais, o que não se faz para chamar a atenção? E a ilusão de que todos possam falar ao mesmo tempo sem que haja verdadeira escuta parece se tornar real.

Não resta dúvida que não podemos ficar esperando que as soluções para os nossos problemas e os da sociedade apareçam por razões transcendentais. Por outro lado, o fazer alguma coisa, implica também em compreender que o respeito e a valorização de si mesmo implicam o respeito e a valorização do outro.

Nossa sociedade está repleta de serviços de escuta, necessários e fundamentais. Mas qual o sentido de limitar todas as nossas possibilidades de verdadeira escuta apenas a situações de ajuda profissional?

Escutar de fato, requer uma saída da nossa própria caverna, do caleidoscópio das nossas experiências, abertura ao outro com respeito mútuo. Escutar de fato favorece o amadurecimento. A escuta verdadeira revela maturidade. Afinal, anatomicamente temos dois ouvidos. Talvez seja coerente escutar no mínimo duas vezes mais que falar ou se expressar de qualquer forma que seja. O silêncio também é eloquente.

Luís Fernando Lopes
Professor da área de Humanidades

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