Epidemias e a humanidade

Escrito por José Maria Bonfim de Morais - Mestre em Cardiologia e Teologia ,

Não é a primeira vez que a humanidade é açoitada por uma pandemia. Não é a primeira vez que o sofrimento bate forte. Há cem anos a gripe espanhola ceifava 40 milhões de vidas. Esta pandemia chegou em Fort Riley, Kansas, Estados Unidos, em 1918, último ano da Primeira Guerra. Na Inglaterra, os farmacêuticos faziam uso de quinino (cloroquina, hidroxicloroquina) e canela para deter a epidemia. E a gripe catando vidas preciosas e incalculáveis. A peste negra que bateu forte sobre a Europa do ano de 1347 a 1351 levou 75 milhões seres humanos, arrastando-os de suas casas, ou no caminhar das ruas, ou mesmo nas praças. Homens hígidos tomavam café com os seus e iriam cear com os seus antepassados nos céus. Morria tanta gente que não havia tempo de dar aos mortos uma sepultura decente. Temeu-se pela sobrevivência da humanidade. Antes entre 1485 e 1551 a Inglaterra foi castigada por doença incomum. Uma doença estranha. Affayres of Englande (1569) um escritor inglês falava sobre uma doença tão dolorosa, tão aflitiva que não haverá outra igual. Acontecia sempre no verão. Uma espécie de gripe, com febre, dores no corpo, cefaleia lancinante e findava com uma sudorese incontrolável. Foi chamada de Sudor Anglicus, doença do suor, e os médicos ingleses descreveram como uma patologia provocada por um hantavírus. O transmissor era a pulga do rato. Em 1551 o cirurgião inglês John Caius(1510-1573), descreveu um tratado sobre a doença que de repente desapareceu.

O homem não aprendeu a conviver com a natureza. Esta paixão ecológica, este amor ao verde, parece descosida do verdadeiro amor ao chão, à terra. Mesmo aqueles que cantam os pássaros, os rios, as flores e as montanhas, muitas vezes esquecem naquilo que está bem a sua mão. Importante que de todo tormento não sejam vãs as vidas que se foram. Será que os médicos e enfermeiros que morreram, morreram em vão? Após a II Guerra o mundo saiu com a cirurgia cardíaca. Com a cura da Tuberculose. Saiu com o projeto de Framingham. Saiu com a ONU. Com a Declaração dos Direitos Humanos. Mas se sairmos mais solidários. Mais humildes. Mais partilhas. Mais pertos de Deus, já fizemos muito.

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024