Entre desertos e oásis

Escrito por Davi Marreiro , davimarreiro@hotmail.com

Na última quinta-feira, dia 25, a Comissão Externa do Ministério da Educação (CEXMEC), aprovou o Relatório 2/2021. A principal avaliação do documento indica que “os esforços e os investimentos realizados pelo Ministério da Educação nestes três anos (2019, 2020 e 2021) foram aquém do necessário para o atendimento das principais demandas da educação básica brasileira”. 

Conforme o parecer, o MEC não cumpriu seu dever de coordenação nacional e de pactuação com estados e municípios, sobretudo durante o ápice da crise pandêmica. Em resumo, três predicados negativos definiram os “esforços aquém” do Governo Federal: “(1) inércia na atuação do MEC para definição de ações de coordenação com os demais entes federados; (2) carência de políticas educacionais que atendessem aos principais desafios advindos deste cenário, como conectividade, evasão escolar, quedas nos níveis de aprendizado e aumento da desigualdade; e (3) lentidão na concretização de ações que demandam respostas rápidas e urgentes.” Em outros termos, sempre “exigimos” verdadeiros oásis da educação, porém, na maioria das vezes, pavimentamos o seu solo apenas com poeira. Decerto, “criamos” o deserto e o antagonismo, alguns vislumbram o oásis, já outros disfarçam a desertificação, enquanto isso, apenas as miragens abanam as esperanças dos eremitas. 

No final das contas, o mundo é realmente um produto dos homens, disse Ursula Ludz. Produzimos as pegadas e o caminho, mas infelizmente muitos ainda preferem a inércia. Lord Acton acreditava que o poder corrompe. O que podemos afirmar é que no mínimo ele paralisa. Como se não bastasse o relatório ainda expõe que “o Ministério da Educação recusou os pedidos das(os) parlamentares da Comissão para realização de reuniões técnicas com o Inep (gestão Dupas), com a Capes e com a SESU/MEC, bem como participou de apenas uma das sete audiências públicas realizadas em 2021”. 

Finalmente, como afirmou Pessoa: “Grandes são os desertos e tudo é deserto, salvo erro, naturalmente.” Pobre da alma humana vítima das miragens. Mísero é o dito-cujo que possivelmente morrerá antes de chegar ao oásis? “Volta amanhã, realidade! Basta por hoje!” 

Davi Marreiro é professor

 

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024