Educadores: precedência incômoda

Escrito por Davi Marreiro , davimarreiro@hotmail.com

Davi Marreiro, professor
Legenda: Davi Marreiro, professor
Foto: Arquivo pessoal

Recentemente o Conselho Estadual de Educação do Ceará (CEE) divulgou um artigo intitulado “Vacinar para viver: essa é a prioridade”. Nesse texto, o professor Dr. Custódio Almeida, atual Conselheiro e Presidente da Câmara de Educação Superior e Profissional (CES), fez o seguinte questionamento: “quando chegará a vez dos trabalhadores da educação?” 

É importante ressaltar que o editorial citado considera correta a decisão inicial do governo em priorizar a vacinação dos mais idosos e dos profissionais da saúde que atuam na linha de frente no combate à pandemia, afinal esses ainda são os grupos com maior fator de risco. Todavia, logo após o início da imunização dessas coletividades, outra vicissitude controvérsia tornou-se notória: “a disputa corporativa sobre a precedência na vacinação”. 

Bem como apontado pelo professor, a situação em nosso país continua muito preocupante e a “imunização é a única esperança para barrar o crescimento de infecções e mortes”, contudo, nos deparamos com outro problema ainda mais grave: “a escassez de vacinas”.

Um fator preponderante que obriga gestores, profissionais e especialistas da saúde a realizarem uma escolha técnica entre os segmentos da população que devem ter prioridade na escala de imunização. 

Ainda assim, senhoras e senhores, qualquer princípio técnico, por mais abalizado cientificamente que esteja, não deixa de ser injusto quando desconsidera que perecibilidade de sua existência encontra-se na escassez injusta oriunda de uma crise política, como já afirmou o pneumologista Fred Fernandes: “O Brasil transformou a crise sanitária em crise política”. 

Em tempos de crise, diria Gullar, a única frase que o desempregado não quer ouvir é: não há vagas! Contudo, em tempos de pandemia nós queremos ouvir: não há vacinas? O conflito sobre a precedência na vacinação revela apenas que “realmente vivemos tempos sombrios.” Na balança dessa “justiça democrática”, todos os pesos são inexatos: policiais, professores, guardas municipais, garis, coveiros, motoristas, comerciantes, vendedores e etc. Lembrando que, até a troca de um pneu gera impaciência quando estamos “sentados sobre uma vala”. 

Davi Marreiro
Professor da rede pública

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024