Educação de jovens, adultos e idosos: bebida amarga para o Governo do Ceará?

Escrito por
Clarice Gomes Costa producaodiario@svm.com.br
Doutora em educação, professora da educação básica, membro da Coordenação Colegiada do Fórum EJA/CE

O governo do Estado do Ceará celebrou os recentes dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) segundo os quais somos o único estado do país a alcançar 85% das crianças da rede pública alfabetizadas na chamada “idade certa” em 2024, fruto, como assevera o governo Elmano de Freitas, da parceria entre Estado, Governo Federal e municípios, bem como de seu compromisso com a educação pública de qualidade. 

Ter crianças com habilidades de ler e interpretar o lido, além de também ser capaz de ler o mundo ao seu redor (espero que os dados também traduzem essa realidade) é de fato algo para se comemorar. Por outro lado, o sistema educacional cearense ainda não foi capaz ao longo de várias gestões governamentais de resolver suas contradições, dentre estas a de garantir educação para todas as pessoas, independentemente da idade, como preconiza a legislação educacional, tendo em vista que este é um direito inalienável do ser humano.

Ao mesmo tempo em que se comemora o avanço no nível de leitura das crianças, carregamos também o triste dado de termos a 4ª maior taxa de analfabetismo de adultos do Brasil (PNAD-2024). Vale lembrar que o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, instituiu no ano passado o Pacto pela Superação do Analfabetismo e a Qualificação da Educação de Jovens e Adultos (EJA) que prevê ações de parceria entre o Governo Federal, Estados e Municípios, com o intuito de assegurar o direito à educação para todos. 

E acreditem, apesar desse dado que deveria envergonhar cada gestor público e cidadão e cidadã cearense, ainda se tem nesse Estado municípios que não ofertam EJA. Desta forma, indago ao nosso governador: o que ele tem feito para reverter tal realidade? E quanto aos municípios que aderiram ao pacto, mas que efetivamente fecham turmas e escolas que possuem a modalidade e/ou na verdade colocam a EJA às margens das políticas educacionais em seus territórios?

Pensando nisso, questiono em que medida a EJA vem se tornando uma bebida amarga para nossos governantes, ainda que não seja discricionário que nenhum gestor público deixe de ofertá-la. 
Assim, parafraseando Chico Buarque de Holanda, “esse silêncio todo me atordoa”, pois até o momento não verifiquei nenhuma fala do governador ou da Secretária de Educação acerca desse lastimável dado sobre o analfabetismo de jovens, adultos e idosos no Estado. Apesar disso, mesmo atordoada permaneço atenta, a fim de que se reverta essa negação de direitos e, que a sociedade civil organizada possa lutar por uma realidade mais justa para os/as educandos/as educandas da EJA.

Clarice Gomes Costa é professora

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