Dia Mundial de Lavagem de Mãos

No Brasil, costuma-se ouvir que determinada lei “não vai pegar”. Se a legislação “pega ou não” é um atributo dado pela sociedade civil. As leis são feitas para legitimar uma ação de defesa do bem-estar de uma população. Em 2009, o Instituto da Infância (Ifan) em conjunto com outras instituições parceiras na garantia de direitos de crianças trabalharam para instituir o 15 de Outubro como o Dia da Lavagem de Mãos em lei estadual no Ceará (Lei nº 14.554/ 2009), alusão à data mundial criada por várias organizações, incluindo o Unicef e empresas privadas.

A data só passou a ser lembrada com real importância após a pandemia da Covid-19, e o tema de lavagem de mãos virou quase um mantra. Como, quando e por que lavar permaneceu na mídia nos principais meses de contaminação em massa, e ainda é uma medida de prevenção.

A Lavagem das Mãos ganha a devida valorização como um autocuidado e cuidado do outro na higiene pessoal e consequentemente na prevenção e diminuição de doenças virais. No universo infantil, mais especificamente na primeira infância, estudo do Unicef aponta que 41% das mortes de recém-nascidos podem também ser evitadas ao se higienizar adequadamente as mãos no ato de cuidar destes bebês, das próprias mãos do bebê e da criança pequena.

Mas por trás da lavagem de mãos, tem que haver condições básicas favorecedoras do ato em si. Parece uma constatação óbvia, mas não para 50% da população de crianças de zero até seis anos, que vivem em situação de pobreza infantil, em áreas de baixo índice de saneamento básico e água potável. Para dar conta deste recado, é preciso ampliar políticas de saúde sanitária nos municípios, e consequentemente nas residências, escolas, praças, parques, levar água potável aos municípios e áreas rurais que ainda não têm e manter e ampliar a Campanha Lavagem de Mãos. Só assim poderemos comemorar o dia 15 de Outubro com a “Lei que pegou no Ceará”.

Luzia Laffite

Psicóloga e superintendente do Instituto da Infância (Ifan)