Covid-19: transmissão ocular em profissionais da saúde

Os profissionais da área da saúde devem sempre ter cuidado durante intubação orotraqueal, coleta do swab para o RT-PCR ou aspiração de secreções

Escrito por Alexis Galeno Matos , alexisgaleno@gmail.com

Alexis Galeno Matos
Legenda: Alexis Galeno Matos, médico oftalmologista
Foto: Arquivo pessoal

O atual surto do novo coronavírus de 2019 (Covid-19) foi definido como emergência em saúde pública de interesse internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em muitos casos, cursa de forma assintomática e ocasionalmente manifesta-se com sintomas de infecção intestinal e manifestações extrapulmonares como conjuntivite no início da doença. Os quadros graves ocorrem principalmente em pessoas acima de 60 anos e associados a uma comorbidade.

A transmissão da infecção se dá por disseminação aérea através de aerossóis, contato direto ou indireto, como o toque no rosto ou olhos, e podem servir de porta de entrada para transmissão. Estudos indicam que os profissionais de saúde sofrem maior risco de infecção por SARS no caso de contato com secreções oculares sem a devida proteção.

Os profissionais da área da saúde devem sempre ter cuidado durante intubação orotraqueal, coleta do swab para o RT-PCR ou aspiração de secreções devido à proximidade do rosto do paciente, tomando assim, as medidas apropriadas para evitar a contaminação e a disseminação da doença.

Os óculos de proteção são recomendados como proteção primária para os olhos, porque eles demonstram reduzir a exposição ao aerossol. 

Estudos mostraram que o “face shields”, ou protetores faciais, em contato com gotículas de diâmetro 8,5 μm reduziram a exposição à inalação em 96%, distando 46 centímetros de distância. Ao diminuir o diâmetro para 3,4 μm, resultou no bloqueio de 68% da exposição e, após período de 1 a 30 minutos, o protetor facial obteve 23% de efetividade na redução da exposição. 

Esses achados sugerem que os protetores faciais são deficientes quando o aerossol está em pequenas partículas e quando o profissional é exposto por longos períodos.

O treinamento de profissionais em medidas preventivas, incluindo a higiene das mãos e o uso de EPIs, é outra importante ação contra a transmissão nos serviços de saúde, principalmente para profissionais na faixa de risco ou com comorbidades. É essencial fazer todos os esforços para garantir a saúde e a segurança dessa força de trabalho de profissionais de saúde.

Alexis Galeno Matos 
Médico oftalmologista, PHD

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024