Brasil em alta, combustível em baixa

Escrito por Tales M. de Sá Cavalcante , tales@fariasbrito.com.br
Tales M. de Sá Cavalcante é reitor do FB UNI e diretor-superintendente da Org. Educ. Farias Brito
Legenda: Tales M. de Sá Cavalcante é reitor do FB UNI e diretor-superintendente da Org. Educ. Farias Brito

Nas décadas de 80 e 90, umas senhoras idosas destacaram-se por obter alto rendimento na Bolsa, o que gerou o livro “The Beardstown Ladies”. Em 1991, apelidaram-nas de as 16 “velhinhas”, pelo retorno superior a 50% com ações. Elas investiram num atacadista ao descobrirem que suas filas nos caixas só cresciam. Era o Walmart, à época não considerado uma boa opção, como hoje.

Daí em diante, nas Bolsas de Valores, é sempre lembrada a vigilância das “velhinhas” investidoras que só pensam em uma coisa: o lucro. Elas estão certas, pois “empresa é uma organização econômica destinada a produção ou venda de mercadorias ou serviços, tendo em geral como objetivo o lucro”. Quem diz isso é o Aurélio (Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda), que tem a minha torcida para que, na próxima edição, considere como objetivo também o social.

Sendo a Petrobras uma empresa, visa ao lucro, o que a impele a reajustar preços de acordo com o mercado. Uma vez que o Brasil possui poder de decisão na Petrobras, por que não congela os valores por ela cobrados durante um certo tempo? É que essa atitude ocasionaria diminuição do resultado financeiro e a consequente desaprovação dos outros acionistas, entre os quais as “velhinhas”.

À exceção do orçamento destinado à filantropia, não é função de uma entidade com sócios privados baixar a rentabilidade a fim de atingir objetivos sociais. Essa atribuição é do Governo, no presente caso, o Federal. A meu juízo, a solução seria a criação de um fundo com efeito suporte, que evitaria índices de reajustes superiores à inflação. Seus recursos viriam da União, neles incluída a parcela de dividendos oriundos da Petrobras. E há verbas para tal? Sim. Basta que as prioridades sejam em prol do país, e não da política.

A hipótese atualmente cogitada de redução de impostos deve ser descartada, visto que consiste em um paliativo, pois pontual, e ainda sacrifica o orçamento de muitos estados e municípios. O fundo não visaria às eleições, senão ao sempre. Assim, a cotação de nossa companhia petrolífera ficaria em alta, e os preços de diesel e gasolina permaneceriam justos e em baixa.

Tales M. de Sá Cavalcante é reitor do FB UNI e diretor-superintendente da Org. Educ. Farias Brito
 

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024