Aspectos da economia brasileira

Escrito por Gonzaga Mota , luizgmota@yahoo.com.br
Gonzaga Mota é professor aposentado da UFC
Legenda: Gonzaga Mota é professor aposentado da UFC

A despeito das raízes do passado, as causas das desigualdades no Brasil encontram-se, principalmente, nas limitações do processo de crescimento, nas tentativas fracassadas de ajuste econômico e nas consequências pouco vantajosas do processo de reestruturação econômica imposto pela globalização.

Ao longo dos anos oitenta, o crescimento econômico brasileiro foi prejudicado em razão da crise gerada pela dívida externa, pelo progressivo déficit público e a consequente crise do Estado e da administração pública, além da inflação decorrente e das tentativas malsucedidas de estabilização econômica.

Os resultados não poderiam ser outros que não o agravamento dos problemas sociais, pois cresceu o contingente de pobres e indigentes, acentuaram-se as desigualdades, tornando-se vulnaráveis alguns segmentos da sociedade, especialmente os dependentes da ação direta do Estado. Os efeitos também se fizeram sentir no nível de desemprego em todo o País face à redução no ritmo de crescimento.

Por sua vez, o processo de urbanização foi um dos mais velozes. Enquanto, em 1950, a zona rural detinha 70% da população, atualmente mais de 80% dos brasileiros vivem nas cidades. Formaram-se então os chamados “cinturões de miséria” na periferia das cidades, aumentando o contingente de pobres e miseráveis, acentuando a má distribuição de renda e abalando o crescimento econômico do País.

Na verdade, a perversa concentração de renda brasileira resulta no aumento do número de pessoas vivendo em situação precária, sem acesso às mínimas condições de saúde, educação e serviços básicos. Lamentavelmente, o Brasil apresenta uma péssima distribuição de renda: cerca de 1% dos mais ricos concentra 13% da renda nacional e, por outro lado, 50% dos mais pobres ficam também com 13%.

Ademais, as desigualdades regionais persistem, vez que são preocupantes os indicadores socioeconômicos, comparando-se as cinco regiões. O Nordeste, por exemplo, ao longo do tempo, continua com um terço da população brasileira e participa com apenas 13% a 14% do PIB. Faz-se necessária a realização de investimentos, compatíveis com o peso demográfico, de natureza estrutural e não apenas circunstancial. Por fim, enquanto persistirem essas desigualdades significativas, o Brasil não deixará de ser um país socialmente injusto.

Gonzaga Mota é professor aposentado da UFC

 

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024