Entre Feeds e o Futuro: A Jornada Empreendedora da Geração Z

O advento das tecnologias digitais e o surgimento de novas plataformas de comunicação transformaram radicalmente o modo como os jovens adultos da Geração Z percebem e buscam o sucesso profissional. Nascidos entre a década de 90 e o início dos anos de 2010, cresceram em um ambiente digitalmente conectado. Para esses jovens, as redes sociais são mais do que ferramentas de entretenimento; são plataformas onde oportunidades de negócios e exemplos de sucesso financeiro são compartilhados incessantemente. Influenciadores digitais, empreendedores de sucesso e “gurus” do empreendedorismo, disseminam narrativas que promovem a ideia de que qualquer um pode alcançar o sucesso com as estratégias certas e a dedicação necessária, moldando a forma como esses jovens veem o mundo, mas também como enxergam suas possibilidades de futuro.

O empreendedorismo digital se apresenta então como um caminho viável para muitos deles, prometendo não apenas independência financeira, mas também realização pessoal e reconhecimento. Contudo, essa visão idealizada do empreendedorismo digital pode ter implicações profundas e, por vezes, complexas na construção das identidades profissionais e sociais da Geração Z. É essencial reconhecer que o discurso predominante nas redes sociais tende a glorificar o sucesso rápido e visível. Jovens empreendedores que alcançam grande notoriedade tornam-se modelos a serem seguidos, criando uma percepção de que o sucesso no mundo digital é acessível a todos, desde que se tenha criatividade e determinação.

No entanto, esta narrativa frequentemente desconsidera os aspectos menos glamourosos e mais desafiadores do empreendedorismo, como a necessidade de resiliência diante de fracassos, a pressão constante para inovar e a gestão eficaz do tempo e dos recursos. Além disso, a construção de uma identidade profissional baseada em um ideal de sucesso digital pode gerar frustrações e ansiedades. A comparação constante com outros empreendedores o grande consumo de informações que muitas vezes são anúncios de cursos mostrando como ascender nesse mercado, e a volatilidade das tendências online podem impactar negativamente a saúde mental desses jovens. Portanto, é crucial que se desenvolva uma abordagem mais equilibrada e realista, que inclua a valorização do aprendizado contínuo, a adaptação a diferentes cenários e a importância do bem-estar emocional.

Bruno Lessa e Nicolas Sousa são pesquisadores da Unifor