Amazônia saqueada

Escrito por Gilson Barbosa ,
Gilson Barbosa é jornalista
Legenda: Gilson Barbosa é jornalista

A escalada de destruição da Amazônia entrou de novo nas discussões deste país após o absurdo episódio das mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips na região do rio Javari. De fato, a covardia mais uma vez repetida contra pessoas que se empenham na defesa dos indígenas, das populações ribeirinhas e dos recursos da região expõe bem o saque a que está exposta a Amazônia inteira.

Os esforços do governo federal, supostamente intensificados para repelir as múltiplas ações que devastam a floresta todos os dias têm sido, para que digamos o mínimo, ineficientes neste objetivo. O angelim e o mogno, árvores majestosas, com copas que atingem mais de vinte metros de altura e que produzem madeiras nobres, usadas na fabricação de móveis de qualidade superior, para exportação, são alvos preferenciais dos traficantes de madeira, que obtêm elevados lucros com sua exploração criminosa.

Bruno e Dom já haviam denunciado tais crimes, como também a pesca predatória e ilegal praticada por pescadores como Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, que, com o irmão e outros comparsas, perseguiu, atirou, matou, esquartejou e sepultou suas vítimas. Ademais, a tragédia amazônica guarda, em suas entranhas, outros dramas profundos.

Entre estes, a caça e o contrabando de mamíferos e aves sob risco de extinção, levados por traficantes para o exterior sob terríveis condições de transporte. Muitos espécimes morrem durante a viagem, antes de deixarem o país, quando o crime é descoberto durante inspeções nos aeroportos.

Isto, sem citarmos aqui as queimadas, a ação de facções criminosas, o garimpo ilegal e outros problemas. As mortes de Bruno e Dom devem reabrir, no exterior, novos questionamentos acerca da ficção externamente apregoada pelo governo, de que o desmatamento da floresta tem-se reduzido, coisa que não vemos nos noticiários.

Nestes, conforme os próprios relatórios oficiais, áreas equivalentes a 20, 30 ou mais campos de futebol são devastadas todos os meses. E por isto fica, sem que qualquer ação realmente de impacto seja deflagrada com a constância necessária. Até quando resistirá a Amazônia?

Gilson Barbosa é jornalista

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024