Aids: mais informação

Escrito por Daniel Diógenes ,

Considerada uma das grandes pandemias na década de 80 e 90, a AIDS é uma doença que vem sendo monitorada por médicos, governos, organizações de saúde e sociais em todo o mundo. Não é à toa que hoje, cerca de 40 anos depois dos primeiros casos, o pânico gerado sobre a doença é bem menor do que naquela época. Com o conhecimento foi possível transformar a visão e o comportamento de uma sociedade.

Claro que ainda não chegamos no nível ideal, tendo em vista que ainda há visões bem deturpadas sobre a doença, os portadores e as formas de transmissão. Somente com a informação e o conhecimento é possível controlar, gerenciar o medo, e transformá-lo em conhecimento e consequentemente em prevenção. Dados da Unaids, programa das Nações Unidas para pensar soluções e ajudar o combate à doença, mostram que no mundo cerca de 37 milhões de pessoas conviviam com a AIDS em 2020, e que, no mesmo ano, 620 mil óbitos foram registrados devido à ela.

A organização também mostra que desde 1998, ano do auge de novas infecções, até 2020, houve uma redução de novos casos em quase 50%. Essas reduções foram conquistadas através de muita pesquisa no âmbito científico, no desenvolvimento de tratamentos e formas de prevenção. No entanto, se por um lado, há o aumento dessa sensação de segurança, por outro, não se pode permitir que os cuidados sejam deixados de lado.

Mesmo com as reduções, em 2020, por exemplo, foram registrados 1,5 milhões de novos casos no mundo. Toda semana, cerca de 5 mil jovens mulheres entre 15 e 24 anos de idade são infectadas por HIV, globalmente. No Brasil, em 2019, foram quase 1 milhão de novos casos da doença. Um dos principais atores durante as campanhas de prevenção, os preservativos foram deixados de lado por muitos.

É o que revela, por exemplo, o boletim epidemiológico HIV/Aids do governo federal, divulgado no começo deste ano. Houve um aumento de 64,9% das ISTs entre jovens de 15 a 19 anos e de 74,8% para os de 20 a 24 anos, entre 2009 e 2019. Importante, em um mês que se celebra o dia de Luta contra AIDS, se alerte, principalmente ao público mais jovem que apesar de haver tratamento, não se pode ignorar que a doença ainda existe e ela é transmissível, e que prevenir não é só um gesto de cuidado consigo, mas também com o próximo.

Daniel Diógenes é médico ginecologista especialista em reprodução assistida

 

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

 

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024