A resistência das mulheres na pandemia

Escrito por Larissa Gaspar ,

A pandemia do coronavírus tem impactado de forma negativa a vida de toda a população. O Brasil chega a quase 300 mil mortos, não há vacina para todos nem testagem em massa.

Os investimentos na saúde reduziram, a fome está batendo na porta de milhões de famílias brasileiras, sem que exista um auxílio emergencial ou uma política de renda básica cidadã que possibilite às pessoas sua segurança alimentar e acesso a outros direitos fundamentais como água, luz, moradia.

Nesse contexto dramático, as mulheres têm enfrentado ainda mais dificuldades. Somos a maior parcela de pessoas desempregadas na pandemia, pois ocupamos os setores duramente atingidos: hotelaria, alimentação, serviços domésticos. Também somos maioria na informalidade.

Mulheres tiveram que deixar seus empregos para cuidar dos filhos. Aquelas que mantiveram seus empregos vivem a exaustão, pois metade delas teve que passar a cuidar de alguém próximo. A demanda por cuidados de crianças, pessoas com deficiência e idosos cresceu até 72%. A saúde física e mental das mulheres tem sido comprometida com esse acúmulo de funções.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública registra um aumento de 2,2% nos feminicídios e os registros de denúncias caíram. É mais difícil registrar uma ocorrência com a presença constante do agressor a seu lado, em função do isolamento domiciliar.

Muitas delas ainda tem dificuldade de acesso à informação. Por sua vez, o Governo Federal executou apenas 24% do recursos para políticas de mulheres, pior índice da década.

Apesar de todas as dificuldades, a capacidade de transformar a realidade que nós mulheres possuímos pode ser vista em diversos estudos. Nações lideradas por mulheres tiveram melhor desempenho no enfrentamento ao coronavírus, com menor número de contaminação e de mortes.

Países governados por mulheres conseguem reduzir muito mais as desigualdades, pois fazemos uma melhor distribuição dos recursos públicos, alocando-os para o atendimento das demandas de grupos mais vulneráveis.

Isso mostra que precisamos de mais mulheres nos espaços de poder e decisão, porque está provado que temos capacidade de enfrentar um problema global e urgente: as desigualdades.

Larissa Gaspar (PT)
Vereadora de Fortaleza

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