A pandemia e o estadista

Escrito por Cleyton Monte - Cientista político e pesquisador do Lepem-UFC ,

Os períodos de guerra, epidemia e crise econômica oferecem a oportunidade ideal para o surgimento de estadistas ou decadência de personalidades politiqueiras. O diferencial do político estadista é sua capacidade de liderar em momentos de tensão, coordenar equipes variadas, lidar friamente com situações adversas, manobrar poucos recursos, conseguir pensar para além do imediatismo político e sensibilizar sua população. É, segundo Maquiavel, a necessidade da virtú em tempos de ventos tão desgraçados. Os resultados são sempre incertos, principalmente em momentos inéditos como o que estamos presenciando. Milhões de vidas dependem de decisões políticas imediatas e planejadas. A demora produz a catástrofe italiana de hoje.

É possível perceber que a população começa a distinguir o líder que faz uso político de uma crise humanitária, desfaz das recomendações científicas internacionais e se ocupa em disseminar problemas. O discurso da polarização perdeu o sentido. As bizarrices não provocam risadas. Não se trata de manipulação midiática ou alarmismo, basta observar as ações que estão ocorrendo em outros países. Os panelaços que estamos acompanhando sinalizam para uma postura de indignação nacional e deverão refletir na próxima eleição municipal. A pandemia necessita de uma visão ampla, justa e urgente de Estado. Não é hora de se preocupar com superávit, arrecadação ou burocracias. A sociedade como um todo corre sério perigo. Em todo caso, não é preciso ser expert para saber o lugar que a história destinará aos estadistas e o espaço que será ocupado pelos líderes mais deploráveis.

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