A indicação de Kamala Harris

A escolha do vice-presidente nos regimes republicanos é uma decisão que envolve: a capacidade de atrair um perfil de eleitores complementar ao eleitor tradicional do presidente; a característica da coalização partidária, que a chapa presidencial está inserida; o potencial de sucessão presidencial.

A primeira variável que condiciona a escolha do vice é a força eleitoral que essa indicação estabelece para a chapa presidencial. No caso de Harris, o perfil que essa candidata incorpora para a campanha de Biden é notória. A dupla Biden-Harris dialoga com o eleitor branco e o eleitor negro. Com homens e mulheres. Com a versão moderada dos democratas e a versão mais progressista desse mesmo partido.

A segunda característica que influencia a escolha do vice-presidente é a característica da coalizão partidária. No caso de Harris, apesar das divergências criadas com Biden durante as primárias, o capital eleitoral adquirido por essa candidata democrata, após a onda de protestos antirracistas, que convulsionaram os EUA, impulsionou seu nome para a vice presidência. Senadora, negra, procuradora, democrata, mulher

O terceiro motivo que impulsiona a escolha do vice, o potencial de sucessão presidencial, é diretamente percebido pela histórica relação entre antigos vice-presidentes, como futuros presidentes. Do presente ao passado, o atual candidato Joe Biden, foi o vice do presidente Barack Obama. O vice-presidente Al Gore, perdeu por pouco, em uma disputa eleitoral acirrada com o presidente republicano George W. Bush. Ou seja, a vice presidência é uma porta de entrada eleitoral para a presidência.

Em suma, a escolha de Kamala Harris para o cargo de vice-presidente dos EUA na candidatura democrata, ilustra um conjunto de elementos que influenciam o processo de escolha de vice-presidentes em regimes republicanos: a capacidade de atrair eleitores, a coesão partidária, e o potencial sucessório.

André Frota

Mestre em Ciência Polític