Botânica Médica Cearense: 100 anos

A memória do Ceará passa por uma rua do bairro Aldeota, em Fortaleza. Trata-se da Rua Professor Dias da Rocha, cujo homenageado foi enaltecido pela crônica da cidade, em épocas anteriores. A homenagem aqui não cabe à referida rua, mas ao professor Francisco Dias da Rocha (1869-1960), precisamente pelo centenário de publicação do compêndio Botânica Médica Cearense. Um formulário terapêutico com a catalogação de 166 espécies vegetais do bioma cearense, nativas e cultivadas, utilizadas pela sabedoria popular em infusões e macerações, no combate a determinadas moléstias.

Numa época em que as políticas públicas não alcançavam a totalidade da população e o protocolo da medicina social auxiliava os governos nas reformas urbanas, a população desassistida se orientava pela prática de uso de folhas no combate às doenças de um modo geral, sem nenhum critério científico. Preocupando-se com o uso inadequado de plantas medicinais, cujo desconhecimento de princípios ativos, na maioria das vezes, comprometia a saúde do usuário, o professor se dispôs a catalogar, a classificar cada espécie pelos nomes popular e científico, a identificar o princípio ativo de cada planta medicinal, bem como a definir propriedades terapêuticas das espécies vegetais, visando à orientação da população no uso de chás e banhos, na cura das enfermidades.

Em ordem alfabética, cada espécie nativa era indicação para o tratamento de determinada doença. Um formulário com função educacional na orientação do uso das drogas do sertão. Um estudo de base científica, que viria a ser dado continuidade anos mais tarde, pelo Programa Farmácia Viva, da Universidade Federal do Ceará, tendo à frente o professor Abreu Matos (1924-2008). Pela importância daquele estudo para a nossa cultura e pela preservação da nossa memória, a sociedade cearense externaliza sua sublime homenagem ao benemérito professor Dias da Rocha.


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