Ambiente sob ameaça

Um dos grandes desafios do século XXI é a implementação do desenvolvimento sustentável, resultado de longo processo iniciado em Estocolmo, em 1972, que teve o Brasil como um dos protagonistas.

O Brasil criou a Secretaria Especial de Meio Ambiente, em 1973, e a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, em 1981. Os governos estaduais consolidaram o Sistema Nacional do Meio Ambiente. Na Constituição de 1988, o Brasil tornou-se um dos primeiros países a tratar do tema. Sediamos duas conferências mundiais e assinamos vários acordos.

Infelizmente, ambientalistas estão receosos com a possível desconstrução destas políticas. Em um semestre, houve, entre outras coisas, a extinção da Secretaria de Mudança Climática; assédio aos fiscais do Ibama; ameaças de desmantelar áreas protegidas; redução do Conselho Nacional do Meio Ambiente de 96 para 23 integrantes e ameaça de eliminação do Instituto Chico Mendes. Além disso, 239 novos agrotóxicos foram liberados só no 1º semestre.

A tese de que a proteção ambiental prejudica investimentos não procede. Pelo contrário, o Brasil depende do meio ambiente para ser uma potência agrícola e mineradora. Nossa megabiodiversidade tem enorme potencial para desenvolvimento dos mercados farmacêutico, químico, cosmético e de alimentos.

Ambientalistas conseguiram, mesmo com cortes orçamentários, evitar a extinção do Ministério do Meio Ambiente. No campo internacional, as consequências podem ser graves: desde a perda de credibilidade e de articulação até o fechamento de mercados para os produtos brasileiros.

O meio ambiente não é um entrave. Espera-se do Governo Federal sensibilidade para perceber que o Brasil pode e deve usar sua riqueza de forma sustentável, contribuindo para seu desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, preservando seu patrimônio natural.


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