Não bastasse a vergonha secular da seca, onde por gerações as imagens do solo rachado e o incandescente das vistas, dificultava enxergar o sertanejo carregando água na cabeça, hoje com as águas do Velho Chico beijando o Ceará, avisto políticos que se agarram na paternidade da obra. A Transposição é obra de interesse público definido, que tem como pai idealizador, a vontade coletiva de nordestinos que por décadas foram enganados com falsas promessas, e assistiram ao gado morrer, a seca bater e conviver com a saudade dos que saíram por falta de água.
O clamor Nordestino soou, poema virou, até Gonzaga cantou, e a água do Velho Chico até que enfim, chegou. O 26 de junho, bem que podia ser o dia da água no Nordeste, pois avistada por João e Pedro, a data simbólica é marco para novos dias por aqui, inclusive para a população ignorar e dizer para os políticos que não foi nada de extraordinário, mas sim uma correção justa junto a essa gente que na adversidade da seca, mostrou por décadas para o mundo que Euclides da Cunha estava certo, e “o nordestino é antes de tudo uma forte”.
Terra de gente criativa, que exala inteligência e fortaleza, sobretudo no que se refere a viver diante de uma imposição geográfica como a seca. As águas do Velho Chico, demoraram mais de 100 anos para se concretizarem. Que a Transposição traga também água, mas que seja ela um importante canal de condução e liga entre o povo Nordestino e o pensamento de que os feitos governamentais devem ter um só destino, e esse não será a vaidade política e muito menos a perpetuação no poder, mas atender ao interesse da coletividade.
As bombas das diversas estações elevadas da obra, são impulsionadas pela esperança e o sonho de termos um Nordeste desenvolvido e próspero. Que novos dias venham, e fiquem a lição para os políticos de que os feitos públicos não têm paternidade, mas sim devem ter o foco do interesse público, pois o poder emana do Povo, e é para o Povo sempre que este deve estar dirigido.
Jesus Sales da Costa
Advogado e administrador
