Vacinação de crianças contra a Covid-19: Saiba como vai funcionar

O Ministério da Saúde incluiu a faixa etária no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a doença

Legenda: Outros países, como os Estados Unidos e a França, já realizam a imunização do público infantil
Foto: AFP

O Ministério da Saúde adicionou, nessa quarta-feira, crianças de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19. O primeiro lote de fármacos para esse público chega ao Brasil no dia 13.

Segundo o cronograma do Governo Federal, os imunizantes devem ser distribuídos aos estados no dia seguinte. No entanto, ainda não há uma data oficial para o início da aplicação das doses. 

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A vacinação do público infantil, usando o fármaco desenvolvido pela Pfizer, foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda em 16 de dezembro do ano passado. As informações são do portal G1. 

Como vai funcionar 

Quando começará a vacinação das crianças?

Apesar de não ter divulgado uma data exata para o início da aplicação de doses em crianças de 5 a 11 anos, a previsão do Ministério da Saúde é que a campanha inicie ainda em janeiro

A estimativa é que o País receba 3,7 milhões de doses de vacinas, dividas em três voos que devem chegar um por semana. O cronograma divulgado pelo Governo Federal é o seguinte: 

  • 13 de janeiro: primeiro voo com 1,248 milhão de doses;
  • 20 de janeiro: segundo voo com 1,248 milhão de doses;
  • 27 de janeiro: terceiro voo com 1,248 milhão de doses.

Segundo a pasta, foram encomendadas "mais de 20 milhões de vacinas pediátricas da Pfizer", número suficiente para distribuir uma dose de crianças na faixa, cerca de 20,5 milhões no País, conforme o IBGE.

Como será ordem de vacinação das crianças? 

Assim como funcionou em outros grupos, a imunização de crianças será realizada por faixa etária — das mais velhas para as mais novas —, com prioridade para aquelas que possuem comorbidade e deficiência permanente, além de quilombolas e indígenas. 

Será exigido prescrição médica?

Não. O Ministério da Saúde determinou que não será obrigatório apresentar uma receita de prescrição médica no momento da vacinação. 

A receita só será necessário quando não houver pai, mãe ou responsável presente no momento da imunização. 

Qual será o intervalo entre doses?

O prazo determinado pelo MS é de oito semanas entre a primeira e a segunda dose, período maior que o recomendado pelo fabricante, que estipula três semanas de intervalo. 

A vacina é segura para crianças?

Sim. Os especialistas consultados pela Anvisa, e que falaram durante a provação do imunizante da Pfizer para a faixa etária, consideram o imunizante seguro e que os benefícios superam os riscos

"Só a Covid-19, nessa população em especial — crianças e adolescentes — mata mais do que todas as doenças do calendário infantil somadas, juntas, anualmente."
Renato Kfouri
presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

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A dose é mesma que a dos adultos? 

Não. A dosagem da vacina para crianças é menor que a aplicada em adolescentes e adultos. Conforme a Anvisa, na faixa etária será aplicada em duas doses de 0,2 mL (equivalente a 10 microgramas).

E a tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de vacinação e por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para a vacinação. Para os maiores de 12 anos, a vacina, aplicada em doses de 0,3 mL, terá tampa na cor roxa.

vacina para crianças contra a covid no brasil
Legenda: Frascos da vacina da Pfizer em versão pediátrica (cor laranja) e a partir dos 12 anos (cor roxa)
Foto: Tobias Schwarz/AFP

Será necessário dose de reforço? 

Ainda não se sabe. Segundo o gerente geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, não há dados suficientes que indicam ou não se será necessário a aplicação da dose de reforço em crianças. 

Será usada apenas vacinas da Pfizer?

Sim, a imunização de crianças será realizada apenas com o fármaco desenvolvido pela Pfizer, o único que possui autorização da Anvisa para ser aplicado nesse público no Brasil. 

O que fazer se a criança completar 12 anos entre 1ª e 2º dose?

Conforme a Anvisa, a recomendação é que a criança deve receber a dose pediátrica também na segunda etapa.

Crianças podem receber o imunizante no mesmo dia que outros?

Não. A Anvisa recomendou, por precaução, que haja um intervalo de pelo menos 15 dias entre a aplicação do imunizante contra o coronavírus e outros que estejam no calendário de vacinação infantil. 

Como será a aplicação em crianças? 

A agência regulatória determinou algumas orientações sobre a forma que a vacina seve ser administrada no público infantil. Confira as principais: 

  • A vacinação das crianças deve ser feita apenas após treinamento completo das equipes de saúde que farão a aplicação da vacina. Isso porque, disse a agência, a grande maioria dos eventos adversos pós-vacinação ocorre por aplicação da dose inadequada e da preparação errada do produto de acordo com a faixa etária.
  • A vacinação das crianças deve ser feita em ambiente específico e separado da vacinação de adultos e acolhedor e seguro para as crianças.
  • Em vacinação nas comunidades isoladas – em aldeias indígenas, por exemplo – a imunização de crianças deverá ocorrer, sempre que possível, em dias separados da dos adultos.
  • As salas de vacinação para a Covid-19 em crianças deverão ser exclusivas para a aplicação dessa vacina. Se não houver a infraestrutura necessária para essa separação, deverão ser adotadas medidas para evitar erros de vacinação.
  • Por precaução, a vacina Covid-19 não poderá ser dada junto com outras vacinas do calendário infantil. O intervalo mínimo entre a vacina da Covid e as outras deverá ser de 15 dias.
  • A vacinação das crianças de 5 a 11 anos em postos drive-thru deverá ser evitada.
  • As crianças deverão ser acolhidas e permanecer no local de vacinação por pelo menos 20 minutos após a aplicação da vacina, para observação.
  • Os profissionais de saúde deverão informar os pais ou responsáveis, antes de aplicar a vacina, sobre os principais sintomas esperados após a vacinação– dor, inchaço e vermelhidão no local da injeção, febre, fadiga, dor de cabeça, calafrios, dor muscular ou nas articulações, além do aumento dos gânglios na axila do braço que recebeu a vacina.
  • Os pais ou responsáveis deverão procurar um médico se a criança tiver, depois da vacinação: dores repentinas no peito, falta de ar ou palpitações.
  • O profissional de saúde deverá mostrar aos pais ou responsáveis, antes de aplicar a vacina, que a vacina é a da Covid-19 – com frasco de cor laranja, dose de 0,2mL, contendo 10 µg (microgramas) da vacina, específica para crianças entre 5 a 11 anos. A seringa que será usada é de 1 mL.
  • A Anvisa recomenda um plano de comunicação sobre as diferenças de cor entre os frascos dos produtos, incluindo a utilização de redes sociais e estratégias mais visuais que textuais. Deverá ser levado em conta, também, que podem existir frascos semelhantes de outras vacinas infantis no mercado – o que pode levar a erro ou troca na aplicação.
  • Crianças que completarem 12 anos entre a primeira e a segunda dose deverão receber a segunda dose pediátrica da vacina.
  • Os estudos de efetividade deverão ser mantidos para essa faixa etária.