No 1º dia pós-eleições, Bolsa cai 2,77% e dólar alcança marcas históricas

A moeda americana chegou a R$ 2,5211 à vista, maior cotação desde abril de 2005. Enquanto o comercial fechou o dia em R$ 2,523, a maior variação desde setembro de 2011

Escrito por Folhapress ,

No primeiro pregão após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou o dia com desvalorização de 2,77%, em 50.503 pontos, puxada pela queda recorde das ações da Petrobras.

O dólar subiu para níveis historicamente altos. A moeda à vista, referência no mercado financeiro, subiu 2%, alcançando R$ 2,5211, maior cotação desde 29 de abril de 2005. O comercial, usado em transações do comércio exterior, fechou o dia em R$ 2,523, com alta de 2,64%, a maior variação desde setembro de 2011.

O volume financeiro no pregão foi de R$ 16,8 bilhões, acima da média do mês de outubro, que é de R$ 10,7 bilhões até o dia 23.

Para analistas, o reflexo da eleição no mercado foi menor do que o esperado. Isso porque, dizem eles, o mercado não trabalhava com níveis tão altos, preparando-se para a vitória da presidente Dilma. Além disso, a sinalização de mais diálogo com o mercado também contribuiu para a redução das perdas durante o dia.

Mas o dia começou com estresse. Logo após o leilão inicial de ações, papéis de estatais derretiam na Bolsa brasileira, que chegou a cair mais de 6% no Ibovespa, às 10h20, quando o índice atingiu a marca de 48.722 pontos. Ao longo do dia, no entanto, essa queda brusca se reverteu.

Na visão de Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora, um dos motivos de a queda ter sido menor do que imaginava a média do mercado foi o fato de o mercado não estar trabalhando tão alavancado.

"A média do mercado já trabalhava com a hipótese de vitória da Dilma, então não tentou antecipar com muito volume uma eventual vitória do Aécio e, por isso, o mercado não abriu no pânico que se esperava", disse.

Para o analista analista-chefe da Spinelli Corretora, Elad Revi, a sinalização da presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) de que quer se aproximar do mercado, além da possibilidade de mudanças na política econômica, fizeram com que a queda da Bolsa brasileira não se acentuasse durante todo o dia. "A sinalização passa credibilidade, mas ainda não é algo efetivo", pondera Revi.

Além disso, o mercado já tinha precificado a vitória da presidente Dilma, com a Bolsa amargando pesada queda na semana passada. "A Bolsa já tinha caído 7% na última semana e a tendência para hoje era essa, de começar o pregão com muita emoção, portanto com fortes quedas", considera André Moraes, analista da corretora Rico.

Como o mercado vai se comportar daqui para a frente vai depender da definição da equipe econômica. "Os próximos passos, com o novo ministro da Fazenda e a definição da política econômica, vão ditar os rumos do mercado daqui para frente", avalia Moraes.

Ações

Das 70 ações negociadas na BM&FBovespa, 52 fecharam em baixa e 18 em alta. A maior alta do Ibovespa foi a das ações da Estácio Participações, com valorização de 8,74%.

No "kit eleições", as ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas, tiveram a queda mais expressiva do dia, com desvalorização de 10,92%, a R$ 14,52, e os papéis ordinários -que dão direito a voto- registraram queda de 10,38%, a R$ 14,07.

As ordinárias da Eletrobras encerraram em queda de 10,20%, a R$ 5,46. E as ações do Banco do Brasil caíram de 5,24%, a R$ 24,40.

Câmbio

A alta do dólar durante esta segunda-feira (27), primeiro dia de negócios depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff, ficou aquém das expectativas do mercado. A avaliação é do especialista em câmbio da Icap Brasil, Ítalo Santos.

"O mercado esperava um estresse maior, mas o investidor estrangeiro continua colocando dinheiro no País para pegar essa taxa de juros alta", afirma.

Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio, da Treviso Corretora, concorda que a presidente tem que ser rápida em algumas atitudes, como na escolha do ministro da Fazenda.

"É importante ela mostrar que está atenta aos anseios do mercado e do Brasil inteiro", afirma Galhardo ao considerar que ela tem um prazo menor para sensibilizar o mercado para as mudanças que boa parte do povo brasileiro mostrou querer.

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