Mulheres recebem 86% do salário dos homens no Ceará

De acordo com divulgação do Dieese, a diferenciação salarial entre homens e mulheres no Estado é de 14%. Mulheres ganham em média R$ 1.452 ante R$ 1.689 recebido pelos homens

Escrito por Redação ,
Legenda: Enquanto elas recebem em média, R$ 1.452, os homens ganham R$ 1.689, uma diferença de R$ 237.

O mercado de trabalho cearense reforça a discrepância salarial entre homens e mulheres. A distinção entre os sexos é de 14% no Estado, o terceiro maior resultado do Nordeste, segundo divulgação do Departamento Intersindical Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do último trimestre de 2019.

A maior parte dos estados do Norte e Nordeste são considerados menos desiguais, pois apresentam diferenciação salarial inferior a 20%, apenas a Bahia (21%) aponta um resultado superior à média das regiões. Os estados do Sul e Sudeste registram as maiores taxas, com índices superiores a 20%, com destaque para o Mato Grosso do Sul que aponta uma diferença de 30%, seguido de Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais, todos com discrepância de 28%.

No Ceará, o rendimento médio mensal das mulheres corresponde a 86% do salário dos homens. Enquanto elas recebem em média, R$ 1.452, os homens ganham R$ 1.689, uma diferença de R$ 237. Segundo Cristiane Aquino, professora do curso de Administração da Universidade Federal do Ceará (UFC), estes números demonstram a desigualdade que ainda persiste no mercado de trabalho. 

“Isso reflete a desigualdade que ainda existe no mercado de trabalho, em que as mulheres muitas vezes exercem funções com remuneração menor. Pela legislação, está previsto que a remuneração entre homens e mulheres deve ser igual, mas isso revela um descompasso entre as normas e a prática”, comenta.
 

Para Reginaldo Aguiar, supervisor técnico do Dieese, mesmo atuando em um mesmo cargo, as mulheres ainda ganham menos que os homens. “Geralmente, mesmo  trabalhando em um mesmo cargo, exercendo as mesmas funções, as mulheres ganham menos. Observamos que, pelo fato de ser mulher, muitas vezes ela não consegue um cargo de chefia. Enquanto esses preconceitos perdurarem nunca vamos ter uma sociedade igualitária”, pontua.

A pesquisa revela que no País o rendimento mensal médio das mulheres foi 22% menor que o dos homens. E, a cada dez diretores e gerentes, apenas quatro são mulheres, com um rendimento médio 29% menor que o dos homens. “Em média, os homens ganharam R$ 40 por hora, elas receberam R$ 29”, pontua o estudo. 

Veja a diferença salarial entre homens e mulheres no NE

Bahia- 21%

Rio Grande do Norte -15%

Ceará- 14%

Piauí- 14%

Pernambuco- 14%

Paraíba- 11%

Sergipe- 11%

Maranhão- 9%

Alagoas-6%

Mercado de trabalho

De acordo com a pesquisa, apenas 36,9% das mulheres do Ceará estão atuando no mercado formal com carteira de trabalho assinada ou são militares e servidores estatutários. Já em relação a taxa de desocupação, as mulheres possuem um resultado maior que os homens, cerca de 11,3% das mulheres estão desocupadas contra 9,1% dos homens. Para Aguiar, essa diferenciação pode ser explicada pelo preconceito existente entre ambos os sexos.

“A taxa de escolaridade das mulheres é maior que a dos homens e mesmo assim elas ainda possuem taxas de emprego menores, isso se traduz em preconceito. Elas estão com taxas de desemprego maiores, dificuldade de se inserir no mercado de trabalho e os rendimentos ainda são menores”, comenta.

Outro fator a ser levado em consideração é a dupla jornada em função do acúmulo de tarefas domésticas. Segundo o Dieese, no Brasil, as mulheres dispõem de 21h18min de horas semanais dedicadas aos afazeres domésticos. Em contrapartida, os homens gastam apenas 10h54min com a mesma finalidade.

“A desigualdade entre homens e mulheres nas tarefas domésticas ainda hoje tem reflexos. Essas tarefas, muitas vezes, são realizadas apenas pelas mulheres e isso faz com que elas tenham uma menor disponibilidade para o trabalho. O acúmulo de tarefas até pode desestimular as mulheres a buscarem mais possibilidades de promoção, ou até mesmo de se dedicar mais ao trabalho, por conta da necessidade de compatibilização com a jornada de trabalho e a doméstica”, avalia Cristiane Aquino.

No Brasil, a falta de creche para as mulheres que possuem filhos também é um fator que tira as mulheres do mercado de trabalho. Das mulheres com filhos na creche, 67% tinha trabalho remunerado. Já entre as mulheres cujos filhos não tiveram acesso à creche, somente 41% estavam trabalhando.

Previdência Social

52,2%
Mais da metade das mulheres do Ceará (52,2%) que são ocupadas não contribuem com a previdência social. Este é o terceiro maior resultado do Nordeste. Quem lidera o ranking é o Piauí (59,9%) seguido do Maranhão (57,3%).

Segundo Reginaldo Aguiar, superintendente do Dieese, os rendimentos menores são um dos fatores que corroboram para este resultado. Além disso, ele avalia que, com as novas regras da Reforma da Previdência aprovada no Congresso, a quantidade de mulheres que “não vão ter condições de se aposentar” será ainda maior.

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