Microempresas em transformação

Houve um tempo em que os pequenos negócios, como mercadinhos ou lojas de bairro, faziam o controle das vendas com papel, caneta e calculadora ao lado. Até hoje, inclusive, é possível encontrar quem ainda gerencie uma empresa desta maneira. Mas com o rápido avanço das tecnologias, as chances de sobrevivência no mercado de quem não tem completo controle das atividades do seu próprio negócio são mínimas.

>Setor precisa de mais investimento

>Ferramentas também geram benefícios aos clientes

Desde os anos 90, surgem softwares de gerenciamento das atividades do comércio, possibilitando a racionalização dos custos e maior eficiência na gestão empresarial. Trata-se da chamada automação comercial, um recurso para transformar tarefas manuais em processos automáticos, por meio de máquinas, dando velocidade e precisão a tarefas suscetíveis a erros humanos, como a anotação do peso de uma mercadoria ou do total da conta a pagar, por exemplo.

As micros e pequenas (MPEs) representam mais de 95% das empresas brasileiras e geram mais da metade dos empregos do País. Para que possam se manter no mercado, é indispensável a contínua atualização e melhoria dos processos gerenciais, o que torna necessários os investimentos nesses tipos de sistemas.

A tecnologia garante, entre outras coisas, rapidez na verificação de informações, diminuição de erro nas vendas, redução de custos, aumento da produtividade e melhoria nos índices de satisfação dos clientes. É, portanto, uma ferramenta que facilita a vida do empresário e dá comodidade aos consumidores.

Gestão eficiente

De acordo com Marta Campelo, gestora do projeto de Acesso a Novos Mercados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), os sistemas de automação são essenciais para uma gestão eficiente da empresa. "Há muitos casos de microempreendedores que misturam contas pessoais com contas da empresa. Temos incentivado que tenham conhecimento desses processos em feiras do Sebrae", pontua.

Sem ferramentas que permitam o total controle das receitas, despesas e estoque, há muitos casos de microempresários que controlam o que entra e o que sai da empresa ainda de forma manual. "A falta de controle causa problemas que podem incorrer em prejuízos graves e até mesmo a falência da empresa. É uma questão de sobrevivência mesmo, faz parte da vida da empresa", explica a gestora.

Segundo Marta, a partir do momento em que o empresário tem o controle de todos os detalhes da empresa por meio desses sistemas de gerenciamento, ele possui subsídios para planejar e elaborar metas a serem atingidas. "Com todas as informações de quanto a empresa vende, o empreendedor tem uma perspectiva mais firme de onde quer chegar em cinco, dez ou 20 anos, sem ficar estagnado", diz.

O presidente da Federação Cearense de Dirigentes Lojistas (FCDL), Freitas Cordeiro, afirma que a preocupação do setor está em levar oportunidades para que os micros e pequenos consigam ter acesso a sistemas de automação comercial.

"Temos um projeto na Faculdade CDL, em convênio com o Sebrae, para que essas empresas acessem essas tecnologias. Temos nichos avançadíssimos de soluções tecnológicas no Ceará, mas queremos expandir isso para nos tornarmos mais competitivos", aponta Cordeiro.

Softwares

São várias maneiras que a tecnologia pode ser utilizada para fazer esse controle. Há, inclusive, empresas especializadas em sistemas de automação, como, por exemplo, a Casa Magalhães. Com 50 anos de existência, a empresa tem um catálogo de serviços de gestão para restaurantes, supermercados, padarias e lojas de varejo. Há ainda opções como o MarketUP, uma espécie de aplicativo de gerenciamento.

Marta pondera, entretanto, que os empreendedores devem buscar referências dessas ferramentas antes de começar a usá-las. "Há muitos sistemas que estão sendo ofertados, e é importante que os empresários saibam se já foi testado por alguma outra empresa, se é o ideal para seu negócio", destaca a gestora.