Mercados despencam com novo capítulo de guerra comercial

Nesta quinta, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou o presidente da Huawei de mentir sobre os laços da empresa com o governo chinês

Escrito por Folhapress ,
Legenda: No Brasil, as ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras caíram 1,7%, a R$ 25,84. As ordinárias (com direito a voto) recuaram 1,73%, a R$ 28,27.

Novas discussões entre China e Estados Unidos e a ameaça de uma guerra fria tecnológica entre os países derrubaram as principais Bolsas globais nesta quinta-feira (23). A queda de 5% no preço do petróleo acentuou a queda dos índices. No Brasil, o dólar voltou a R$ 4,05 e a Bolsa perdeu os 94 mil pontos.

Nesta quinta, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou o presidente da Huawei de mentir sobre os laços da empresa com o governo chinês. Pompeo também acredita que mais companhias americanas cortarão os laços com a gigante de tecnologia.

"A empresa está profundamente ligada não apenas à China, mas ao Partido Comunista Chinês. E a existência dessas conexões coloca em risco a informação americana que atravessa essas redes. Se você colocar suas informações nas mãos do Partido Comunista Chinês, é de fato um risco real. Eles podem não usá-las hoje, mas podem fazê-lo amanhã", disse Pompeo à rede americana CNBC.

Para remover a Huawei da indústria americana, parlamentares dos EUA se mobilizaram para fornecer US$ 700 milhões em subsídios para telecomunicações americanas removerem equipamentos da empresa chinesa e bloquearem a Huawei e ZTE em redes 5G de próxima geração.

A China revidou. O porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng disse que Washington deve terminar com suas "ações equivocadas" se quiser que as negociações comerciais continuem.

"Se os Estados Unidos quiserem continuar as negociações comerciais, devem mostrar sinceridade e corrigir suas ações equivocadas. As negociações só podem continuar com base na igualdade e no respeito mútuo. Vamos acompanhar de perto os desenvolvimentos relevantes e preparar as respostas necessárias", disse Gao.

Reuniões entre os principais negociadores dos dois países não são marcadas desde 10 de maio, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, subiu as tarifas sobre US$ 200 bilhões em bens chineses e tomou medidas para taxar todas as importações chinesas restantes.

Um encontro de Trump com o presidente chinês Xi Jinping é esperado durante a reunião cúpula do G20, no Japão, de 28 a 29 de junho.

Sem resolução à vista, o secretário da Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, anunciou um programa de ajuda de US$ 16 bilhões para ajudar fazendeiros dos EUA que foram prejudicados pela guerra comercial, com alguns fundos para abrir mercados fora da China para produtos americanos.

A queda no preço do petróleo terminou por completar o cenário negativo. Com a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que reduz a perspectiva de crescimento mundial, e o aumento de estoques americanos, a cotação do barril de petróleo do tipo Brent caiu 5% nesta quinta, a US$ 67 (R$ 273,42). A queda é a maior baixa percentual do ano.

A Administração de Informações sobre Energia dos EUA informou na quarta (22) que os estoques de petróleo do país atingiram o maior nível desde julho de 2017. O diagnóstico pegou o mercado de surpresa.

"A previsão era de queda no estoque do petróleo, em um contexto de pressão para que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reduzisse cortes na produção e tensões entre EUA e Irã", afirma Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.

Com a tensão elevada, as principais Bolsas globais despencaram no pregão desta quinta. O índice CSI 300, que reúne as Bolsas de Shangai e Shenzhen, caiu 1,8% e atingiu o menor patamar em três meses, a 3.583 pontos. Hong Kong recuou 1,58% e Japão, 0,62%.

Na Europa, Londres cedeu 1,41%, Paris, 1,81%, e Frankfurt, 1,78%. Nos EUA, Dow Jones caiu 1,11%, S&P 500, 1,19% e Nasdaq 1,58%.

No Brasil, as ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras caíram 1,7%, a R$ 25,84. As ordinárias (com direito a voto) recuaram 1,73%, a R$ 28,27.

A queda da companhia derrubou o Ibovespa, maior índice acionário do país, que perdeu os 94 mil pontos. O índice recuou 0,48%, a 93.910 pontos. O giro financeiro foi de R$ 12,765 bilhões, abaixo da média diária para o ano.

O panorama doméstico freou o recuo do índice. A aprovação da Medida Provisória 870, que mantém a redução de ministérios do Bolsonaro, na Câmara sinaliza uma trégua na crise entre governo Bolsonaro e Legislativo.

Durante boa parte do pregão, o Ibovespa operou de lado. Apenas com a queda do petróleo, e da Petrobras, que o índice acelerou perdas.

A maior alta do da véspera foi a maior queda nesta quinta. Com realização de lucros, as ações da Natura recuaram 8,54%, a R$ 56,25 após baterem a máxima histórica de R$ 61,50 na quarta (22). 

O dólar subiu 0,14%, a R$ 4,0480. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 4,0720. Na mínima, R$ 4,0270. A divisa tem semana de queda após atingir os R$ 4,10 na última sexta (17).

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