Fruta do Ceará abastece Ásia, América do Norte e Europa

Melão tem rotas fixas para mercados via navios e, em alguns casos, é enviado também por avião

Escrito por Redação ,

Terceiro principal item da pauta de exportação do Estado em 2015, com US$ 88,71 milhões, e 8,48% do total enviado ao mercado exterior, os melões produzidos pelas empresas cearenses abastecem países da Europa, América do Norte e Oriente Médio. De janeiro a julho deste ano, período de entressafra, o setor já exportou 28 mil toneladas de melão fresco, no valor de US$ 19,1 milhões, quantia 9,1% superior ao registrado em igual período do ano passado, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

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Durante o período da colheita, os melões produzidos no Estado são enviados diariamente para destinos na América do Norte, Europa e Oriente Médio. Responsável por 60% das exportações brasileiras de melões e melancias, a Agrícola Famosa, já começou a enviar contêineres para Inglaterra, Holanda e Espanha, seus principais mercados compradores.

"Estamos trabalhando para ter um crescimento em torno de 10% tanto no volume exportado como no faturamento", diz Marcellus Fernandes atendente de Exportação da Agrícola Famosa.

Na safra passada, de 2015/2016, a empresa exportou 7 mil contêineres e neste ano o objetivo é chegar a 8 mil. Com os investimentos voltados para o aumento da produtividade, Marcellus diz que será possível obter crescimento mesmo em caso de manutenção da produção. "Estamos trabalhando para ter crescimento no volume, mas se a seca se agravar e a produção não crescer, ainda devemos ter aumento do faturamento", ele diz.

Além de cinco variedades de melão, a Agrícola Famosa exporta mamão, melancia e banana. Na safra 2015/2016 a Agrícola Famosa obteve 57% de participação de mercado nas exportações de frutas do País, sendo 37% do melão pele de sapo e 46% de melancias.

Com relação ao câmbio, Marcellus diz que, embora o dólar mais alto favoreça as exportações brasileiras, nas safras passadas muitos produtores tentaram aproveitar a alta da moeda americana e acabaram perdendo a mercadoria porque a demanda externa não foi capaz de absolver toda a quantidade produzida. "Muitos acabaram perdendo a produção", ele diz.

Logística

Para distribuir seus produtos no exterior, para 40 importadores, a Agrícola Famosa trabalha com três dos principais armadores do mundo: Maersk e Hamburg Süd, no Porto do Pecém, e CMA CGM, nos portos do Mucuripe e de Natal. Consolidada no mercado europeu, e presente também nos Estados Unidos, Canadá e, mais recentemente, no Oriente Médio, a Famosa depende da eficiência logística para expandir mercado, já que o melão não suporta uma viagem de mais de 35 dias sem perder qualidade.

Para conseguir entregar carregamentos em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a empresa investiu em tecnologias para prolongar o chamado "tempo de prateleira" (shelf life) das frutas. "Hoje a gente consegue passar pelos 27 dias de viagem até Dubai sem qualquer problema de qualidade", diz Marcellus. "Na primeira safra nós enviamos apenas 10 contêineres por semana, na segunda foram entre 12 e 15 contêineres, e agora estamos enviando 20 contêineres semanais para lá". Depois de Dubai, a Famosa passou a exportar para o Bahrain e para a Arábia Saudita, cujo volume triplicou desde a empresa começou a exportar para lá, há três anos.

Novos mercados

Mercado ainda inexplorado pelos produtores brasileiros, o Japão, onde o melão é bastante valorizado, começou a receber há pouco mais de um mês as primeiras amostras da fruta produzida no País, cultivado nas fazendas da Famosa. Como o frete marítimo é inviável, pelo tempo de duração da viagem, de cerca de 45 dias, a empresa decidiu enviar pequenas quantidades por via aérea, cujo tempo de duração do transporte é de dois dias. "Hoje, no Brasil, não há uma logística para levar nossos produtos ao Japão por via marítima. Os importadores de lá vêm insistindo para que a gente comece os envios de melão e melancia", diz Marcellus.

Segundo o sócio e diretor de Produção da Agrícola, a ideia é explorar mais o mercado japonês neste ano para criar demanda e aumentar o volume exportado, que deve ser escoado pelo Canal do Panamá, diminuindo o tempo de viagem. "Hoje a gente quer aumentar as exportações para o Oriente Médio e estamos com expectativa de aumentar as exportações para o mercado sul-americano, para o Chile e Argentina, mas isso depende da recuperação econômica desses países", diz.

Exigências

Entre as principais exigências dos importadores está o teor de açúcar das frutas, medida pela escala Brix. Se estiver abaixo de 9 o melão é considerado "não-comercializável". Entre 9 e 12, é "comercializável". E acima de 12 é considerado "melão extra". "Durante o período de entressafra, que vai do início de março até agosto, nós assinamos os contratos de safra e cada cliente especifica que tipo de fruta ele quer receber", diz Barcelos. Os mais cobiçados chegam a ter Brix acima de 15.

dsa

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