Evergrande anuncia acordo para evitar default de título milionário

Grupo chinês informou que pagará dívida de 232 milhões de yuans a um credor local, mas dívida total supera 300 bilhões de dólares

Escrito por Diário do Nordeste e AFP ,
crise da evergrande
Legenda: Empresa gera 3,8 milhões de trabalhos indiretos na China
Foto: Hector Retamal/AFP

Após admitir risco de falência, a gigante chinesa do setor imobiliário Evergrande, anunciou nesta quarta-feira (22) que cumprirá acordo com um credor local para evitar o default (falta de pagamento) dos juros de um título de 232 milhões de yuans. Em dólares, o valor equivale a US$ 35,9 milhões.  A quitação da dívida, que venceria em setembro de 2025, está prevista para esta quinta-feira (23). 

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A situação do grupo, com uma dívida acumulada superior a 300 bilhões de dólares, afeta os mercados internacionais, que registraram quedas esta semana em meio a temores de um potencial contágio ao conjunto da economia da China. 

Em um comunicado enviado à Bolsa de Shenzhen (sul da China), a filial Hengda informa ter negociado um plano para pagar os juros de um título que vencia na quinta-feira, e do qual muitos duvidavam do pagamento. No entanto, a nota não menciona o pagamento dos juros de outro título que também vence no mesmo dia. 

Alívio

O acordo significa um breve alívio para a incorporadora imobiliária, que tem 200.000 funcionários, presença em mais de 280 cidades e afirma ser responsável por gerar 3,8 milhões de trabalhos indiretos na China.

Analistas afirmam que também representa um alívio para os mercados, embora apenas a curto prazo."Para que a confiança se transforme em algo mais significativo, o mercado terá que observar os planos mais amplos de reestruturação da Evergrande", declarou à Bloomberg Gary Dugan, chefe executivo da Global CIO Office. 

Falência

Na semana passada, o grupo admitiu estar "sob tremenda pressão" e reconheceu a possibilidade de não conseguir respeitar suas obrigações.

A situação da Evergrande, que tem 1,4 milhão de imóveis em construção para entregar, gerou protestos de clientes, fornecedores e investidores com medo de perder seu dinheiro.

O presidente e fundador da empresa, Xu Jiayin, afirmou aos funcionários esta semana que o grupo "conseguirá sair em breve de seu momento mais obscuro".

A empresa contratou especialistas para tentar evitar o colapso e, segundo informações da Bloomberg, as agências reguladoras do governo também enviaram funcionários para ajudar o grupo.

Efeitos

Os temores de falência da Evergrande e de um contágio à economia chinesa e mundial afetaram as Bolsas esta semana.

O diretor de pesquisa macroeconômica do Banco Asiático de Desenvolvimento, Abdul Abiad, afirmou que "as reservas de capital do sistema bancário da China são suficientemente fortes para absorver um impacto, inclusive do tamanho da Evergrande, caso isto aconteça".

"Isso garante uma vigilância cuidadosa porque o setor imobiliário é um componente importante da economia chinesa (...) Se o setor imobiliário for impactado, isto pode ter efeitos para o conjunto da economia chinesa", completou.

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