Emprego na indústria de reciclagem do CE cresceu 45,6% em 5 anos

O volume de empregos formais gerados pelo setor no Estado, que já chega a 1,5 mil, acompanhou o desempenho do segmento. Para os próximos anos, é esperada nova alta robusta, segundo especialistas

Escrito por Redação , negocios@verdesmares.com.br

Após registrar um crescimento expressivo nos últimos cinco anos, mesmo diante da crise econômica, o setor de reciclagem no Ceará deverá avançar ainda mais, impulsionado pelo aumento da produção industrial do País, que por sua vez incrementa a geração de resíduos sólidos, matéria-prima da reciclagem.

Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o número de empregos formais do setor cresceu 45,6% nos últimos cinco anos, chegando a 1.526. No entanto, a participação da reciclagem na indústria estadual é de apenas 0,5%.

"Mesmo com a crise, esse setor vem apresentando um crescimento sustentável e a tendência é de que nos próximos anos apresente, novamente, taxas robustas de expansão, exatamente por essa preocupação, tanto por parte do setor empresarial industrial como por parte do consumidor, que vêm aumentando a atenção com a destinação de seus produtos após a utilização", diz Guilherme Muchale, economista da Fiec.

Outro fator que vem contribuindo para o desenvolvimento do setor é a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305 de 2010, que torna obrigatória a implementação de sistemas de logística reversa - instrumento voltado para viabilizar a coleta de resíduos sólidos -, de forma independente do serviço público de limpeza urbana local.

De acordo com a Fiec, a reciclagem no Estado está concentrada apenas nas regiões metropolitanas de Fortaleza, Sobral e do Cariri.

Informalidade

Entretanto, apesar da legislação, que contempla o descarte de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes e produtos eletroeletrônicos, ainda é forte a informalidade no setor. "Os catadores fazem um trabalho sem registro de empresa ou carteira assinada, de modo que o número de pessoas que trabalham com coleta devem ser ainda maiores. Seria possível estimar em pelo menos quatro mil trabalhadores nesse setor", diz Muchale.

Segundo Mark Augusto Pereira, presidente do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindiverde), hoje há cerca de 80 empresas de reciclagem, na Capital e no interior. "O setor vem crescendo, mas apenas por conta de incentivos privados. A perspectiva é muito grande, mas tem de haver investimento também do setor público", diz. Entre os materiais mais utilizados nas usinas de reciclagem estão os resíduos de construção civil, pneus, papelão, borracha e metais, que são os mais rentáveis.

Gargalos

Apesar dos avanços do setor, o impacto esperado após a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos não se concretizou para alguns segmentos, como o de reciclagem de pneus. "A própria lei incentivou o surgimento dessas empresas, mas o poder público, que deveria facilitar, muitas vezes dificulta", diz Mônica Tributino, da empresa de reciclagem de pneus Reciplanet Pneus. "O que acontece hoje é que as lojas vendem pneus, em vez de entregar os usados para a reciclagem, como diz a lei. Eles revendem para borracharias e não há fiscalização", revela.

Tributino diz que, embora sua empresa tenha capacidade para processar 30 toneladas de pneus por dia, devido à dificuldade para receber os pneus velhos, está processando apenas 15 toneladas por semana. A empresa fornece material reciclado para duas empresas produtoras de cimento. "O maquinário para reciclagem de pneus é muito caro, e essas empresas não estão recebendo os pneus usados que, de acordo com a lei, deveriam receber. E então eles acabam indo parar nos aterros", diz Mark Pereira.

Segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), a cada 100 pneus trocados no Brasil, 45 vão para postos de coleta por estarem sem condições de uso. Desses, 67% viram combustível da indústria de cimento e o restante é reciclado.

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