Empreendedoras cearenses criam novos produtos durante pandemia da Covid-19

As gêmeas, Mariana Vasconcelos e Ana Mara Vasconcelos, ampliaram seu mix de produtos durante o período de isolamento social e elevaram seus pedidos

Escrito por Redação ,
Legenda: As irmãs venceram o programa Que Seja Doce, do GNT
Foto: Fotos: Natinho Rodrigues

O isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), afetou não só a rotina da população, mas também os negócios de empreendedores locais. Diante da situação, as gêmeas, Mariana Vasconcelos e Ana Mara Vasconcelos, 34 anos, proprietárias da Doceria por M e M, no bairro Nova Metrópole, Caucaia, resolveram criar novos itens para adoçar a rotina de seus clientes e, solucionar a baixa demanda de seus pedidos.

Com a redução dos pedidos por bolos de festas, as gêmeas criaram duas alternativas para que seus clientes tivessem alternativas para as comemorações de aniversário. Uma delas foi o kit quarentena, que conta com itens de festa de aniversário em menores quantidades, custando R$ 45.

"No começo as vendas para bolo de aniversário caíram, as pessoas não estavam encomendando, a gente passou dois finais de sem fazer bolo. Então, a gente criou o kit quarentena, que é um bolinho para cinco pessoas, cinco docinhos e cinco mini cupcakes, para as pessoas comemorarem dentro de casa com poucas pessoas”, comenta Mariana.

Inspiradas em uma confeiteira de São Paulo, as gêmeas criaram o item "é só um bolinho", um pequeno bolo confeitado para que as pessoas pudessem presentear seus ente queridos, à R$ 15.

“A gente também se inspirou em uma confeiteira de São Paulo com o ‘é só um bolinho’, que é um bolinho todo decorado, recheado e que vai com uma velinha dentro de uma marmita que é para pessoa presentear quem estiver fazendo aniversário, para não passar em branco”, relata.

Vendas

As gêmeas já trabalhavam com opção de delivery, além da loja física. No entanto, com a pandemia elas conta que as vendas aumentaram de modo significativo, chegando a dobrar o número de entregas. "Antes a gente tinha cerca de 10 a 15 entregas por dia, hoje a gente tem de 20 a 35 entregas por tarde", avalia Mariana.

Que seja doce

Legenda: Delícia campeã
Foto: Fotos: Natinho Rodrigues

Além da busca de novas saídas para continuar mantendo os negócios durante a pandemia, as gêmeas contém oito anos de atuação no mercado de doces e bolos. Elas foram as primeiras cearenses a participarem e vencerem o programa Que Seja Doce, veiculado no canal da GNT

As empreendedoras participaram da  6º temporada do programa, que foi realizado apenas com irmãos gêmeos e elas levaram o pódio com a receita de pizza brownie. “Nós fomos as primeiras cearenses a ir para o programa, nosso trabalho é totalmente diferente do de São Paulo, lá a confeitaria é muito refinada e aqui a nossa confeitaria é mais artesanal”, comenta Mariana. 
 
Já para Ana Mara, a experiência de ter participado do programa é ainda mais indescritível, pois achava que estar lá era algo inalcançável.  “Quando eu assistia, pensava que aquilo era uma coisa de outro mundo, então eu jamais imaginei que a gente estaria participando e vencendo o programa. Foi uma experiência muito incrível, olhar pro troféu todo dia é uma coisa indescritível, quem não é da área não consegue ter noção do quanto isso significa”, comenta.  

Na primeira fase do programa, elas foram classificadas como as mais doces, ficando em primeiro lugar, na segunda fase, elas ficaram em segundo e na terceira, elas ganharam a edição do programa.

“Eles ficaram encantados com a nossa receita, amaram. Na hora em que ganhamos, a emoção foi indescritível, eu chorei muito, não dava pra acreditar. Até hoje, ainda não caiu a ficha de que a gente ganhou, mesmo olhando todos os dias para o troféu”, comenta Mariana. 

História

Foto: Fotos: Natinho Rodrigues

O sonho de ser confeiteira não foi algo latente na vida das gêmeas. Com formação em economia doméstica pela Universidade Federal do Ceará, Mariana começou no ramo vendendo docinhos para suprir os custos da graduação, em 2013.

“Na faculdade, eu tinha os custos das passagens, alimentação e eu não tinha de onde tirar, então eu comecei a fazer brigadeiros, vendia à R$ 0,50, no início eu levava 20 docinhos por dia, quando eu menos percebi já estava vendendo 100 docinhos por dia” relembra. 

Ela continuou a venda de doces por um ano na faculdade, até conseguir um emprego formal em uma cozinha industrial, mas ela acabou desistindo por não se "identificar" com o ramo. Mariana passou nove meses trabalhando e com o dinheiro da saída resolver ter seu próprio negócio, com R$ 1.000 ela deu início a sua doceria. 

Seu ponto era um espaço muito pequeno, embaixo de uma escada e lá ela vendia docinhos e cupcakes para se manter, o nome do estabelecimento era Delícias de Mari.

Mudanças

As vendas estavam indo bem, então Mariana optou por alugar um espaço maior e assim, montou a Doceria by Mariana Vasconcelos. No entanto, em 2015, ela engravidou de sua filha Lunna e, pensou em largar seu negócio, pois queria cuidar de sua filha.

Sua irmã, Ana Mara, trabalhava no setor de Recursos Humanos (RH) de uma empresa há quatro anos e meio, mas vendo a situação da irmã, ela optou por ajudá-la, mesmo sem saber "fritar um ovo".

"Eu não queria que ela fechasse o estabelecimento, foi o negócio que ela sempre quis, então eu assumi. No começo foi muito difícil, eu não sabia fritar um ovo, chorava todos os dias, pois eu não queria que a qualidade do produto dela caísse. Eu sempre ia na casa dela e ela me explicava tudo, muito do que sei hoje, foi ela que me ensinou”, relembra Ana Mari. 

Apesar, das dificuldades enfrentadas pelas gêmeas no início, a loja ampliou seu número de clientes sob a gerência de Ana Mara. Além disso, a doceria passou a confeccionar outros produtos, como os bolos de aniversário.

“Ela ficou muito preocupada em manter a qualidade do meu produto, só que ela fez ainda melhor, porque eu não trabalhava com bolos de aniversário e ela pesquisou, foi atrás e a partir daí a doceria começou a vender os bolos personalizados de aniversário. Também conseguimos mais clientes”, comenta Mariana. 

Após um ano, Mariana retornou ao trabalho e decidiu continuar a parceria com sua irmã, a partir disso o negócio passou a se chamar Doceria por M e M, as iniciais do nome das irmãs.

Desafios

Atualmente, um dos maiores desafios é a visibilidade da loja e a precificação dos produtos. “Saber administrar é um dos nossos desafios, principalmente o preço. No nosso bairro, a gente não consegue ter um rendimento tão bom”, analisa Ana Mara".

Mesmo cobrando preços inferiores ante à outros estabelecimentos do ramo, as gêmeas contam que não "diminuem a qualidade dos doces" e utilizam bons produtos para manter a qualidade dos itens. 

“Hoje a nossa vida vem toda doceria, então o que a gente sente dificuldade é que o nosso trabalho não está sendo tão reconhecido. Graças a Deus a gente nunca fica sem encomenda, mas eu quero ser mais conhecida, principalmente o trabalho de chantininho”, comenta Mariana.  

As gêmeas possuem a característica de sempre inovar seus produtos. Além dos bolos de aniversário, elas trabalham com bolos em fatias, brownies, marmicakes, pizza brownie, copo supreme, bolo de pote, docinhos a unidade e pudim.

Perspectivas

Após a participação no programa, as confeiteiras esperam ser mais reconhecidas e acreditam que "as pessoas irão enxergar a doceria com outros olhos". Entre as perspectivas para o futuro está o anseio de ampliar os negócios e sair do bairro Nova Metrópole e ir para Fortaleza.

Mariana também revela que sonha em dar cursos pelo Brasil, como vê o exemplo de "muitas outras confeiteiras". Já Ana Mara, sonha em sair do aluguel e ser uma referência na mente das pessoas quando o assunto for doces. “Queremos crescer e ser reconhecida, estudar mais, ter mais recursos financeiros e estar na mente das pessoas quando o assunto for doces”, comenta.

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