Demanda reprimida por viagens à Europa deve inflacionar preços de pacotes
Orientação para quem tem intenção de viajar daqui a pelo menos 12 meses é começar a programação de pesquisa de preço, reserva e compra de pacotes já neste mês de junho, dizem as agências
A União Europeia decidiu recentemente reabrir suas fronteiras para turistas de outros países, desde que comprovem estarem vacinados contra a Covid-19 com imunizantes aprovados pela agência regulatória local — que, até então, são os da Pfizer, AstraZeneca, Moderna e Janssen. Os brasileiros, porém, ainda estão de fora, visto que a situação da pandemia no País ainda não é considerada segura pela UE.
Apesar disso, e embora a procura por viagens internacionais ainda esteja “modesta”, as agências de turismo do Ceará avaliam que a alta demanda reprimida de viagens para a Europa pode encarecer os valores dos pacotes já nos próximos meses.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav) no Ceará, Murilo Santa Cruz, as agências estão orientando os clientes com expectativa de viagem para a Europa nos próximos 12 meses a iniciar a programação de pesquisa de preço e compra neste momento para se antecipar à inflação.
Se o passageiro deixar para efetivar suas reservas com seis meses antes da data da viagem, vai encontrar um cenário de preço bem inflacionado, pela grande procura que vai existir”.
É importante lembrar que a efetivação da viagem depende diretamente da situação de controle da pandemia no Brasil, do ritmo de vacinação e da aceitação por parte dos países de destino.
Aquecimento do mercado
De acordo com Santa Cruz, o mercado que está mais aquecido no momento é o de viagens nacionais. “E vem, semana a semana, aquecendo mais um pouco. É lento e gradual”, define.
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No entanto, num cenário de fronteiras abertas, a expectativa do setor é de aumento considerável tanto na busca quanto na reserva e na compra de pacotes de viagens internacionais.
“Existe uma demanda reprimida muito grande. A gente está realmente eufórico e ansioso para que isso aconteça o mais rápido possível”, comenta o presidente, lembrando que o setor é um dos que mais acumulam prejuízos financeiros na pandemia.
Nos últimos meses, a consulta para viagens internacionais tem crescido de 40% a 50%, segundo Santa Cruz. Porém, devido à maioria das fronteiras fechadas, o percentual que se converte em venda efetiva de pacotes internacionais tem girado em apenas 10%.
Turismo de vacinação
Outro nicho que tem aquecido o mercado do turismo é o de busca por pacotes para se vacinar nos Estados Unidos. “As agências estão recebendo muita consulta e a conversão em venda chega a ser 70%, 80%”, calcula Santa Cruz.
Estipulado em torno de R$ 20 mil, o pacote considera que o turista passe 14 dias no México ou em algum outro país da América Central e, de lá, após fazer um teste Swab (do nariz) até 72 horas antes do embarque, siga para os EUA, onde estão sendo aplicadas gratuitamente doses únicas da vacina da Janssen, farmacêutica vinculada à Johnson & Johnson.
“Existe uma expectativa para que os EUA abram para o Brasil as fronteiras, desde que o viajante teste negativo. Isso tornaria esse nicho ainda mais procurado, porque livraria da necessidade de quarentenar na América Central, o que encarece o pacote”, comenta o representante das agências de turismo no Ceará.
Recentemente, o secretário estadual do Turismo, Arialdo Pinho, informou que o Ceará tem negociado a retomada de voos diretos para os EUA. Já sobre os voos para a Europa, o gestor considera que as operações estão mais “receptivas” e que, possivelmente, devem voltar a acontecer até o fim deste ano.