Copom mira em atividade econômica e inflação de 2021, diz diretor do BC

Ele declarou que o comitê discutirá também o formato da recuperação econômica pós-pandemia.

Escrito por Agência Folha ,
Imagem de Fábio Kanczuk
Legenda: "O olho do comitê estará na atividade agora, numa lógica temporal com foco na atividade agora e pensando na inflação de 2021, afirmou Fábio Kanczuk
Foto: agência Brasil

O diretor de política econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, afirmou, nesta sexta-feira (3), que o olhar do Copom (Comitê de Política Monetária) para a próxima reunião estará na atividade econômica e em seus efeitos na inflação de 2021.

"O olho do comitê estará na atividade agora, numa lógica temporal com foco na atividade agora e pensando na inflação de 2021. Como se tivesse um tempo longo de efeito da política monetária", disse em evento virtual promovido pelo banco Safra. Ele declarou que o comitê discutirá também o formato da recuperação econômica pós-pandemia.

"Essa recuperação, pelo menos o início dela, será que será um V, ou não? Para o cenário básico do Copom, a letra mais adequada é um swatch, que no início dá uma volta firme, depois um retorno mais suave, como um símbolo de check", avaliou.

Analistas consideram que o retorno da atividade econômica em V é aquele que a queda é acentuada, mas a volta também é acelerada, na mesma proporção.

Para a inflação, embora o cenário básico da autoridade monetária aponte para 3,20% em 2021, ele explicou que o comitê considera também outros cenários. "A inflação esperada para o ano que vem é mais próxima da meta do que a prevista neste cenário", esclareceu.

Cenários
A análise desses cenários alternativos abre espaço para cortes residuais na Selic, segundo o diretor. Para 2021, a meta é 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo. Além disso, ele ponderou sobre o retorno da economia após o fim dos auxílios do governo, criados por causa da pandemia do novo coronavírus. 

"O Copom estará mais de olho nos dados de atividade do que esteve nas reuniões anteriores", pontuou. "O nível de desemprego continuará alto, vai continuar tendo grandes impedimentos para a renda e os programas de auxílio terão acabado", concluiu.

"Eu iria que de um lado tem a questão dos auxílios diminuírem, de serem retirados esses programas, o que é adequado, e do outro lado a questão da incerteza, de poder retornar o nível de normalidade", avaliou.

Kanczuk ressaltou que os efeitos da taxa básica de juros no câmbio não são uma preocupação para o BC no momento. "Se já passou por nível alto [de câmbio] e não houve problema e agora se encontra em nível muito mais baixo, dá um pouco de tranquilidade. Se voltar para o nível alto, já passou por aquele pedaço do caminho", ressaltou.

Sobre a intervenção do BC no mercado de títulos públicos e privados, ele afirmou que a autoridade monetária agirá quando o mercado mostrar instabilidade.]

"Estamos prontos para atuar, o objetivo não é fazer política monetária ou fiscal, mas consertar disfuncionalidades no mercado. Atualmente não estamos vendo disfuncionalidades", disse.]

Com o aumento do déficit primário, o diretor do BC avaliou que o Tesouro terá de aumentar muito a emissão de títulos para financiar a dívida e pode gerar distorção nos preços.

"Não sei se o mercado vai conseguir digerir isso de forma funcional, temos de estar prontos para agir caso haja disfuncionalidades, para que o BC possa atuar e tornar os preços adequados", frisou.

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