Confiança melhora, mas consumidor ainda está cauteloso com gastos

O indicador que mostra a segurança do consumidor em relação à economia ainda é pessimista, mesmo com melhora em relação a setembro

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Legenda: As expectativas são positivas para o final do ano, com avanço da vacinação
Foto: Camila Lima

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou alta de 1 p.p. em outubro, após dois meses de quedas. 

Apesar do aumento, para a coordenadora das Sondagens do FGV Ibre, Viviane Seda, a melhora ainda não é sustentável

O índice procura captar o sentimento do consumidor em relação à situação geral da economia e de suas finanças pessoais. Quando o consumidor está satisfeito e otimista em relação ao futuro, tende a gastar mais.

O indicador, que varia de 0 a 200 fechou o mês em 76,3 pontos, ainda um cenário pessimista. A alta representa uma recuperação frente às quedas em setembro e agosto, puxada pelo Índice de Expectativas, que mede a confiança do consumidor brasileiro no futuro.  

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O subíndice teve aumento de 1,3 ponto, atingindo 82,4 pontos em outubro, influenciado pela melhora das perspectivas sobre a situação financeira familiar, com recuperação no mercado de trabalho. 

O retorno da confiança do consumidor é um fator propulsor de consumo e mostra o quão seguro o consumidor se sente em relação à economia. Mesmo com a melhora em outubro frente a setembro, o índice se manteve negativo em médias móveis trimestrais, ao cair 2,0 pontos, para 77,8 pontos. 

Nível de confiança baixo 

Conforme Viviane, apesar de o número ser positivo, não há como prever uma tendência de alta e melhora da situação econômica a partir dele. Ela afirma que o nível de confiança ainda está baixo em termos históricos e que ainda não houve uma recuperação em relação ao pré-pandemia. 

“Os consumidores ainda continuam muito cautelosos em relação à compra de bens duráveis. Ainda precisa alguns fatores serem mais produtivos para a gente ganhar mais força”, destaca. 

Ela acrescenta que a inflação e o nível de incerteza elevados no mercado ainda são fatores que puxam o indicador para baixo.

Segundo ela, para que a confiança do consumidor de fato suba, é necessária uma melhora no mercado de trabalho, que deve ser guiada sobretudo pelos setores de serviços e comércio. 

Seda pontua que mesmo que haja um crescimento no número de vagas disponíveis, há uma demanda por maior qualificação que não contempla o grande contingente de desempregados. 

O setor de serviços está começando a se recuperar no último trimestre do ano, é o que contrata mais. Para que o mercado de trabalho melhore, é necessário melhoras no setor de serviços. Existe uma demanda represada, há uma expectativa muito grande, mas depende dos preços para que os consumidores se sintam mais seguros para comprar
Viviane Seda
coordenadora das Sondagens do FGV IBRE

Expectativas positivas 

O anúncio do Auxílio Brasil deve ajudar a confiança dos consumidores, melhorando o índice para o final do ano. Viviane reitera, contudo, que essa expectativa não atinge as faixas de consumidores, apenas os de menor renda. 

“Por outro lado, a gente tem no final do ano o avanço da vacinação possibilitando uma redução das medidas restritivas. Isso vai ajudar serviços e comércio a voltarem à plena capacidade, vai ajudar no mercado de trabalho. É uma perspectiva favorável que a gente tem para o final do ano que vai ter que ser equilibrada com a inflação, mas é mais favorável do que temos atualmente”, prevê. 

A pesquisa de outubro registrou uma piora da confiança nos consumidores com renda inferior a R$ 2.100, com queda de 1,4 p.p., para 63,7 pontos.

Em contraponto, a faixa de renda entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00 registrou o melhor desempenho, com alta de 5,3 pontos para 73 pontos. 

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